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O que as caixas pretas do avião da Chape revelam sobre o acidente

"Eles estavam cientes de que o combustível que tinham não era o adequado, nem era suficiente", afirmou secretário

Chapecoense: relatório revelou também que quando o piloto pediu permissão para aterrissar, não informou que estavam desligados dois dos quatro motores (Polícia de Antioquia/Twitter/Reprodução)

Chapecoense: relatório revelou também que quando o piloto pediu permissão para aterrissar, não informou que estavam desligados dois dos quatro motores (Polícia de Antioquia/Twitter/Reprodução)

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EFE

Publicado em 26 de dezembro de 2016 às 16h48.

Bogotá - O avião da Lamia que transportava a delegação da Chapecoense e caiu perto de Medellín em 28 de novembro, o que causou a morte de 71 pessoas, viajavaq com combustível no limite e excesso de peso, revelou nesta segunda-feira a Aeronáutica Civil da Colômbia (Aerocivil) em seu relatório preliminar.

Segundo o secretário de Segurança Aérea da Aerocivil, coronel Fredy Bonilla, as gravações da cabine de comando do avião boliviano mostram que o piloto e o copiloto conversaram sobre a possibilidade de fazer uma escala em Leticia (Colômbia) ou em Bogotá "porque (a aeronave) estava no limite de combustível", mas decidiram não fazê-lo.

"Eles estavam cientes de que o combustível que tinham não era o adequado, nem era suficiente", afirmou o secretário, que acrescentou que durante o voo o piloto, Miguel Quiroga, "decidiu ir a Bogotá, mas mais adiante mudou a decisão e foi direto a Rionegro", onde fica o aeroporto José María Córdova, nos arredores de Medellín.

A maioria das gravações de áudio apresentadas hoje em Bogotá foram extraídas das caixas-pretas examinadas em Londres pelos fabricantes do avião, um RJ85, disse Bonilla.

Segundo a investigação, no plano de voo apresentado pelo piloto no aeroporto de Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), a autonomia da aeronave era de quatro horas e 22 minutos, exatamente igual ao tempo de voo, quando deveria ter combustível para um percurso maior.

"Deveria ter uma hora e 30 minutos a mais (de combustível) que o tempo de voo em forma padrão quanto a sua autonomia de voo", declarou Bonilla.

O avião precisava ter, além disso, um segundo aeroporto para alternativa de pouso em seu plano de voo, mas só registrou o de Bogotá, segundo a investigação.

O relatório revelou também que quando o piloto pediu à torre de controle do José María Córdova para que lhe permitisse aterrissar, apesar de ainda não estar na aproximação da pista, não informou sobre a gravidade de sua situação, nem que estavam desligados dois dos quatro motores.

"Neste ponto tinham dois motores desligados, e a tripulação não fez nenhum relato de sua situação, que era crítica, e continuou reportando de forma normal" à torre de controle, explicou Bonilla.

Pouco depois, com um terceiro motor já desligado, pôde ser ouvido nos áudios divulgados hoje a torre perguntando se precisava de algum serviço adicional em terra para uma possível emergência, e o piloto respondeu que não.

Quatro minutos antes do acidente, o quarto motor desligou e houve a falha elétrica total sobre a qual o piloto informou por um sistema primário, já que o restante tinha deixado de funcionar.

Em sua última conversa, o piloto pediu "direções" enquanto descia sem autorização para aterrissar. A torre perguntou então sua altitude e informou que ainda estava a 8,2 milhas (cerca de 13 quilômetros) da pista, mas o avião não respondeu e tudo ficou em silêncio devido ao impacto a 230 km/h.

O "esgotamento de combustível" é a principal de uma série de irregularidades cometidas no voo CP-2933 da Lamia, segundo a investigação, que revelou ainda que o avião tinha um peso maior do que o permitido e voava em uma altitude para a qual não estava autorizado.

"A aeronave transportava um peso superior ao permitido por manuais, o que é outra descoberta que fizemos dentro da investigação", contou o funcionário da Aerocivil.

Segundo o relatório, "o peso real na decolagem era de 42.148 quilos, acima da capacidade máxima, de 41.800 quilos".

Outra irregularidade encontrada foi a de que o avião supostamente não estava certificado para voar acima de 29 mil pés, e no plano de voo apresentado à Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea da Bolívia (Aasana) atingiu 30 mil pés.

"A Aasana aprovou o plano de voo apresentado a uma altitude de 30 mil pés, o que não era correto", acrescentou Bonilla.

Segundo o diretor-geral da Aerocivil, Alfredo Bocanegra, o relatório apresentado hoje não tem como propósito "determinar a culpa ou responsabilidade, mas prevenir novos acidentes", e a investigação definitiva será apresentada em poucos meses. EFE

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