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O Natal dos importados: compra de produtos estrangeiros superou 2009

Real forte, estabilidade econômica e crescimento da renda impulsionam vendas de produtos estrangeiros durante o período de festas

O cenário atual transformou-se no mais favorável da história para os importados (Rogério Montenegro/Veja SP)
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Da Redação

Publicado em 24 de dezembro de 2010 às 09h03.

Nunca a árvore de Natal dos brasileiros esteve tão repleta de presentes importados – a começar pelo próprio símbolo natalino, ícone das importações do período. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a importação de artigos natalinos, como árvores e decorações, passou de 35,6 milhões de dólares em 2009 para 47 milhões de dólares até novembro deste ano.

Apesar do valor insignificante, se comparado à colossal quantia de 175 bilhões de dólares importada pelo Brasil em 2010 (contra 192 bilhões de dólares em exportações), o exemplo dos enfeites de Natal se replica em praticamente todos os tipos de mercadorias vindas do exterior. Esse aumento se deve, em grande parte, à subida do poder de compra do brasileiro somada à valorização do real frente ao dólar - que chega a 108% desde 2002.

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Os presentes - principalmente os brinquedos - seguem o mesmo caminho. Números do MDIC mostram que as importações desses artigos até novembro somaram 488 milhões de dólares, enquanto no ano passado totalizaram 362 milhões de dólares. A balança comercial de brinquedos sempre foi negativa, evidenciando a hegemonia mundial chinesa. No entanto, o saldo nunca esteve tão no vermelho - enquanto as importações avançaram 34% em um ano, as exportações dessa categoria de produtos cresceram 0,6%.

“As importações desses produtos estão tão institucionalizadas que quase não há fornecedores internos”, afirma Sussumu Honda, presidente da Assiociação Brasileira de Supermercados (Abras).

Segundo a associação, além dos brinquedos, os brasileiros estão em uma busca voraz e constante por produtos eletroeletrônicos - cujos componentes também são importados. O aumento de vendas previsto é de 13% e 14%, respectivamente, para ambas as categorias de produtos. No caso dos eletroeletrônicos, que englobam iPads, computadores e videogames e centenas de outros itens, a média diária de importações chegou a 99 milhões de dólares em dezembro deste ano – um aumento de 38% em relação ao mesmo período de 2009, de acordo com dados do MDIC.

“A maior parte dos produtos eletrônicos é montada no Brasil, mas leva componentes importados, o que acaba pressionando a balança", afirma Luís Augusto Ildefonso da Silva, diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop).

Poder de compra

As ceias de Natal e Ano Novo também ganharam um incremento de componentes estrangeiros. As importações de bacalhau subiram 29,5% em 2010 (em relação a 2009), alcançando 259 milhões de dólares. Já as de vinhos espumantes saltaram 18% no mesmo período. “Se o consumidor puder levar um produto importado pelo mesmo preço que o nacional, ou até mesmo um pouco mais caro, ele certamente optará pelo importado. E o enfraquecimento do dólar favorece o preço desses produtos”, afirma Silva, da Alshop.

Desta forma, o cenário atual transformou-se no mais favorável da história para os importados - mais até do que em 1995, quando havia a paridade entre o real e o dólar. “A cotação de hoje pode ser diferente, mas o poder de compra do brasileiro é muito maior”, afirma Honda, da Abras.

Além das importações trazidas de forma legal ao país, há também o comércio de produtos contrabandeados – alvo de inúmeras ações da Receita Federal ao longo de 2010. Em novembro, o órgão anunciou a maior apreensão de celulares falsificados da sua história. Foram confiscados 410.000 aparelhos com um valor total de 89 milhões de reais.

Outra alternativa que estimulou a compra de importados neste natal foram as viagens ao exterior. Ao longo de 2010 (até novembro), os brasileiros deixaram cerca de 14,67 bilhões de dólares em outros países – um recorde histórico. As despesas não significam, necessariamente, a compra de produtos – já que incluem gastos com hospedagem, alimentação e passeios. No entanto, segundo a consultoria GFK, as viagens de compras estão cada vez mais presentes no roteiro dos brasileiros. A estimativa é de que 3% dos turistas do país viajem ao exterior essencialmente para fazer compras, deixando ali dólares que jamais entrarão na balança comercial.

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