O jogo político vem primeiro
Em Brasília, os parlamentares voltaram do recesso branco dispostos a confundir mais do que iluminar. Até em questões onde tudo parecia estar encaminhado, como na data para a votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, aparece algo para mudar os planos. O presidente do Senado, Renan Calheiros, decidiu ontem adiantar o cronograma que ele […]
Da Redação
Publicado em 3 de agosto de 2016 às 06h40.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h28.
Em Brasília, os parlamentares voltaram do recesso branco dispostos a confundir mais do que iluminar. Até em questões onde tudo parecia estar encaminhado, como na data para a votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, aparece algo para mudar os planos. O presidente do Senado, Renan Calheiros, decidiu ontem adiantar o cronograma que ele mesmo havia anunciado: do dia 29 de agosto para o dia 25. O processo dura cinco dias.
Renan foi pressionado pelo governo e pela base aliada no Senado. O presidente interino Michel Temer quer que o processo se resolva antes do dia 30, quando pretende embarcar para a Cúpula do G-20, que acontece dias 4 e 5 de setembro na China. Em troca, claro, ganhou algo: o governo deve nomear para o ministério do Turismo o ilustre deputado Marx Beltrão (PMDB-AL), por indicação do presidente do Senado.
Na outra grande pauta do mês, a cassação do deputado Eduardo Cunha, o jogo político vai ser ainda mais pesado. Os parlamentares aliados de Cunha, do chamado Centrão, conseguiram fazer com que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, adiasse a votação do projeto de renegociação da dívida dos estados para a próxima semana. A votação da cassação só deve acontecer depois que esse projeto for aprovado, mas Cunha conta com a falta de quórum causada pelas Olimpíadas e pelas eleições municipais para empurrar com a barriga.
Cunha acredita que tem mais chances de se salvar depois do impeachment de Dilma. Ministros do governo de Michel Temer também passaram a manobrar para que a votação da cassação aconteça de uma forma mais conveniente ao deputado por medo de sua reação. Rodrigo Maia disse que o processo pode começa na semana que vem, mas tudo ainda pode mudar. Há uma semana, nenhum analista político de Brasília acreditava que Cunha poderia se salvar. Agora, os 100% de certeza já se transformaram em 99%. Azar do Brasil.