Brasil

"O conservadorismo atual é essencialmente iliberal", diz o cientista político João Pereira Coutinho

De acordo com o pesquisador, que é conhecido por ter um tom mais ácido e por vezes provocador em suas publicações, o pensamento conservador não é uniforme

João Pereira Coutinho: cientista político português (Reprodução/Reprodução)

João Pereira Coutinho: cientista político português (Reprodução/Reprodução)

Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 31 de março de 2023 às 12h59.

Última atualização em 31 de março de 2023 às 13h49.

O conceito de iliberalismo é algo recente que vem sendo usado por diversos intelectuais no mundo para definir os principais políticos e regimes mais à direita no espectro político que estão postos atualmente. Para o cientista político português João Pereira Coutinho o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Órban, podem ser classificados dentro desse termo. 

"O conservadorismo atual não é original. Ele é essencialmente iliberal, que lida muito mal com a existência de instituições independentes e liberdade de expressão. Esse movimento sempre aconteceu na história, em especial em momentos de crise. Aconteceu depois da Revolução Francesa, por exemplo", diz Coutinho durante entrevista ao canal Um Brasil, uma iniciativa da FecomercioSP, a qual EXAME teve acesso, com exclusividade (veja a entrevista completa abaixo).

Ainda de acordo com o pesquisador, que é conhecido por ter um tom mais ácido e por vezes provocador em suas publicações, o pensamento conservador não é uniforme. "Existem várias declinações, mas há três conceitos principais: uma é moral, outra é reacionária, e há uma terceira revolucionária", afirma. 

América Latina

O pesquisador português avalia que os fenômenos políticos da América Latina são "traições" dos liberais. "Os liberais atuais, e isso no Brasil é evidente, partem do pressuposto de que só é possível o liberalismo econômico com um governo forte, centralizado e muitas vezes autoritário. Essa ideia contaminou até os melhores espíritos os liberais. É importante lembrar que o liberalismo não começou pela economia, e sim pela política, com o conceito de que ninguém está a acima da lei, e que o poder deve ser limitado", diz.

João Pereira Coutinho explica que esse movimento vai contra a essência do liberalismo e o classifica como reacionário. "O essencial do discurso iliberal reacionário é que a democracia parlamentar falhou, o liberalismo é uma ideologia fraca, sem virtudes, e que precisa de um poder forte, centralizado, e preferencialmente antiparlamentar", diz.

Na entrevista ao canal Um Brasil, que foi mediada pelo jornalista e professor do Ibemec Renato Galeno, o cientista político ainda fala de outros conceitos do liberalismo, guerra na Ucrânia, e qual deve ser o futuro do pensamento conversador no mundo. 

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:Políticaeconomia-brasileiraeconomia-internacional

Mais de Brasil

SP ainda tem 36 mil casas sem energia neste domingo

Ponte que liga os estados de Tocantins e Maranhão desaba; veja vídeo

Como chegar em Gramado? Veja rotas alternativas após queda de avião

Vai viajar para São Paulo? Ao menos 18 praias estão impróprias para banho; veja lista