São Paulo - O cheque vai desaparecer? "Não dá para afirmar isso", diz o diretor adjunto da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Walter Tadeu Pinto de Faria. Porém, o volume compensado tem caído a cada ano, chegando ao menor nível da década em 2010.

Dados obtidos com exclusividade por EXAME.com mostram que o uso desse meio de pagamento está diminuindo constantemente desde 2001, quando foram compensados 2,6 bilhões de cheques. No ano passado, os bancos processaram menos da metade desse total: 1,12 bilhões (veja tabela abaixo com os números da década).

"Desde 2002, quando foi implantado o Sistema de Pagamentos Brasileiro, o volume de cheques emitidos tem caído de forma consistente. A adoção da TED, que atualmente permite transferências online a partir de R$ 3 mil, contribuiu muito. Além disso, há uma migração para os cartões de débito e crédito, que oferecem mais segurança para o consumidor e o lojista", explica Faria. Outro meio de pagamento que vem ganhando espaço é o internet banking. 

Para os que acreditam que o cheque vai acabar, o diretor da Febraban avisa: "Isso não aconteceu em países como a França e os Estados Unidos, que têm muito mais transações eletrônicas do que o Brasil." Ele explica que o crescimento da bancarização da população brasileira ainda vai garantir muitos anos de vida ao cheque. "Os novos clientes, que vêm de classes sociais mais baixas, tendem a confiar mais no papel. A migração para os meios eletrônicos leva tempo." 

Dúvidas

Walter Tadeu Pinto de Faria esclarece questões que sempre surgem quando o assunto é cheque. 

Cheque tem prazo de validade? Sim. Um cheque emitido em São Paulo, por exemplo, tem 30 dias para ser depositado ou sacado na boca do caixa na mesma praça. Passado esse período, o cheque pode ser compensado apenas na boca do caixa durante seis meses, se tornando prescrito após esse prazo.

Cruzar o cheque tem alguma validade? Sim, ao cruzar um cheque, a pessoa só poderá depositá-lo (não pode sacar na boca do caixa).

Cheque precisa ser sempre nominal? Sim, a partir de R$ 100,00, pois o Banco Central pode querer rastreá-lo no futuro.

Existe limite para um cheque? Não, mas a partir de R$ 5 mil reais, a instituição precisa recolher uma reserva conforme regra do Banco Central.

Fonte: Febraban

Ano	Cheques Compensados
2001	2,6 bilhões
2002	2,4 bilhões
2003	2,2 bilhões
2004	2,1 bilhões
2005	1,9 bilhões
2006	1,7 bilhões
2007	1,5 bilhões
2008	1,4 bilhões
2009	1,2 bilhões
2010	1,12 bilhões