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Lula quebra silêncio e fala pela 1ª vez após mensalão

Lula negou a existência do esquema de corrupção e disse que a maior parte das decisões tomadas pelo STF não foram jurídicas


	Ex-presidente Lula negou a existência do mensalão
 (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

Ex-presidente Lula negou a existência do mensalão (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

Diogo Max

Diogo Max

Publicado em 28 de abril de 2014 às 15h44.

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quebrou o silêncio pela primeira vez sobre o julgamento do mensalão, em uma entrevista dada à emissora portuguesa RTP e divulgada hoje no site da rede de televisão.

Ele negou a existência do esquema de corrupção e disse que a maior parte das decisões tomadas pelo STF não foram jurídicas.

"O (julgamento do) mensalão, o tempo vai se encarregar de provar, foi praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica", disse o ex-presidente.

Lula também falou que os presos no esquema de corrupção não são de sua confiança, o que causa uma surpresa, uma vez que alguns dos presos, como o ex-ministro José Dirceu, eram ligados ao ex-presidente e tinham cargos do alto escalão no seu governo.

"Essa história vai ser recontada. É apenas uma questão de tempo para saber o que aconteceu na verdade. Acho que há muita coisa para ser contada sobre esse processo, que foi um massacre que visava destruir o PT, e não conseguiram", afirmou o ex-presidente.

Na entrevista, como se mandasse um recado para seus adversários, Lula comentou sobre possíveis denúncias contra sua figura política.

"Sou filho de pais analfabetos. A única coisa que minha mãe me deixou foi a conquista de andar de cabeça erguida, e eu sei esse valor. Sei o quanto sofri para poder chegar lá", afirmou o ex-presidente.


"Não é um adversário ou uma denúncia que fará o Lula tremer."

Cabo eleitoral

Durante a entrevista, Lula negou que seja presidenciável para as eleições de 2014 e disse que já cumpriu sua função.

No entanto, o ex-presidente também afirmou que, para o futuro, "em política, nunca devemos dizer nunca".

Lula também defendeu o governo de Dilma Rousseff e disse que será cabo eleitoral na campanha da presidente.

Privatizações

Comentando sobre Portugal, o ex-presidente Lula contou que o Brasil deveria ter aproveitado as privatizações do estado português para entrar no mercado local, e não ter deixado a China tomar um lugar que parecia ser do Brasil.

Ele afirmou que a presidente Dilma tem a intenção de entrar na próxima rodada de privatizações em Portugal. "O Brasil deve olhar com carinho para Portugal", disse. 

Labiritinte

O ex-presidente foi internado no último sábado,  em decorrência de uma crise de labirintite, e recebeu alta na manhã de hoje. De acordo com o hospital Sírio-Libanês, os exames realizados por Lula para liberação apresentaram resultados "dentro da normalidade".

A página de Lula no Facebook já havia informado, por volta das 13h, que o ex-presidente passou a noite no hospital e encontra-se descansando em sua residência, em São Bernardo do Campos, em São Paulo.

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