Brasil

No RJ, Duque de Caxias tem uma morte a cada cinco doentes

Taxa de mortalidade, no entanto, é um dado sujeito a imprecisões, já que está relacionado à quantidade de pessoas diagnosticadas com a doença

Coronavírus: mulher com máscara na Maré, no Rio de Janeiro (Fabio Teixeira/Reuters)

Coronavírus: mulher com máscara na Maré, no Rio de Janeiro (Fabio Teixeira/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de abril de 2020 às 08h45.

Última atualização em 16 de abril de 2020 às 09h07.

O município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, apresenta uma taxa de mortalidade preocupante para infectados pela covid-19. Na cidade de 920 mil pessoas, entre os 94 casos confirmados com a doença, houve 20 mortes até o início da tarde desta quarta-feira, quase 1 para 5.

Enquanto isso, o principal hospital caxiense tem poucos equipamentos de proteção individual (EPIs), e funcionários reclamam da falta de treinamento para lidar com a pandemia.

A taxa de mortalidade é um dado sujeito a imprecisões, uma vez que está relacionado à quantidade de pessoas diagnosticadas com a doença. Se há poucos testes, ela pode ficar muito alta. Mas mesmo na comparação com outras cidades do Estado, os números de Caxias destoam.

Na capital, por exemplo, a taxa de mortalidade está em 6%, ou seja, quase uma pessoa a cada 20 diagnosticadas com a covid-19 acaba morrendo. Nas vizinhas Nova Iguaçu e Belford Roxo, também na Baixada Fluminense, o porcentual se encontra no patamar da capital.

Em Caxias, até o prefeito foi contaminado pelo coronavírus. Antes um negacionista da gravidade da doença e da necessidade de adotar medidas de isolamento social, Washington Reis (MDB) teve a confirmação de que está infectado pela covid-19 no sábado. Foi internado e está em uma unidade de tratamento semi-intensivo de um hospital privado em Botafogo, na zona sul do Rio.

O fechamento do comércio na cidade só foi determinado por Reis no dia 3 de abril, após a confirmação da primeira morte pela doença. A ordem veio mais de duas semanas após a decisão do governador Wilson Witzel (PSC), que decretou emergência no Estado em março.

A situação no município é alarmante também por problemas da saúde que vão além do número de mortos. Servidores da área não haviam recebido até a terça-feira os salários de março.

Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, os vencimentos caíram nas contas após o atraso ser divulgado pela imprensa. "Estamos nos sentindo fragilizados, e uma grande parte da equipe está de licença por suspeita ou por ser do grupo de risco", conta uma profissional que preferiu não se identificar.

No total de casos confirmados, Caxias é a quarta cidade com mais vítimas do coronavírus no Rio. Depois da capital, as que mais registram contaminados são Niterói, na região metropolitana, e Volta Redonda, no sul fluminense. Ambas, contudo, têm taxas de mortalidade bem inferiores: 7% e 5%, respectivamente. Ao todo, o Estado tem 3.743 confirmações da covid-19, com 265 mortes.

Um dos hospitais de campanha anunciados por Witzel - ele próprio infectado pelo coronavírus - será construído na cidade. A capacidade estimada para essa unidade é de 200 leitos.

Outro lado

Procurada, a prefeitura de Duque de Caxias alegou que "adotou ações restritivas com o objetivo de proteger a população do novo coronavírus", mas que, ainda assim, "em algumas regiões da cidade e mesmo cientes das restrições, há comerciantes que insistem em continuar suas atividades".

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusMortesRio de JaneiroSaúde

Mais de Brasil

Avião cai em Gramado, na Serra Gaúcha, e não deixa sobreviventes

São Paulo tem 88 mil imóveis que estão sem luz desde ontem; novo temporal causa alagamentos

Planejamento, 'núcleo duro' do MDB e espaço para o PL: o que muda no novo secretariado de Nunes

Lula lamenta acidente que deixou ao menos 38 mortos em Minas Gerais: 'Governo federal à disposição'