Não vamos encerrar a greve tão cedo, diz líder de caminhoneiros
Declaração de Lopes foi dada antes do pronunciamento do presidente Temer, que anunciou uso das forças de segurança para desbloquear as estradas
Agência Brasil
Publicado em 25 de maio de 2018 às 17h17.
Última atualização em 25 de maio de 2018 às 17h18.
O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, disse hoje (25) não acreditar que os milhares de profissionais que desde a última segunda-feira (21) interditam parcialmente as estradas de quase todo o país voltem à normalidade nos próximos dois dias.
“Este final de semana vai ser para montarmos as estratégias que adotaremos a partir de segunda-feira. Na minha visão, não vamos encerrar o movimento tão cedo”, declarou Fonseca à Agência Brasil.
A declaração de Lopes foi dada antes do pronunciamento do presidente Michel Temer , que anunciou há pouco que acionou as forças de segurança para desbloquear as estradas e garantir “a livre circulação e o abastecimento”.
“A barra está pesada. A revolta [dos caminhoneiros] está grande e ninguém está querendo sair [da paralisação]. De hoje para segunda-feira eu vou tentar uma manifestação para resolver [o impasse], mas, para isso, eu vou ter que ter uma conversinha com o governo federal”, acrescentou o sindicalista.
Ontem (24), Fonseca deixou uma reunião no Palácio do Planalto enquanto ela estava em andamento. No encontro, nove das 11 entidades representativas do setor de transporte assinaram um acordo com o governo federal para tentar pôr fim à paralisação.
Em troca do compromisso da Petrobras manter pelos próximos 30 dias o preço reduzido do óleo diesel nas refinarias e do governo estudar formas de baratear o preço dos combustíveis, as lideranças sindicais que assinaram o acordo prometeram suspender o movimento por 15 dias.
A proposta foi recusada pela União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam) e pela Abcam, que representa cerca de 700 mil trabalhadores.
“Eu fui lá defender um único item que, a meu ver, é o principal: o fim da cobrança da alíquota do PIS/Cofins e da Cide sobre o óleo diesel”, pontuou o presidente da Abcam, classificando outros pontos da pauta de negociação, como a suspensão da cobrança do pedágio sobre o eixo suspenso, como uma “esmola para caminhoneiros”.
Em nota, a Abcam repudiou o acordo assinado. “Ao contrário de outras entidades que se dizem representantes da categoria, a Abcam, não trairá os caminhoneiros. Continuaremos firmes com pedido inicial: isenção da alíquota PIS/Cofins sobre o diesel, publicada no Diário Oficial da União”.
Bloqueios continuam
Mesmo após o anúncio da assinatura do acordo, os caminhoneiros continuam mantendo os bloqueios nas estradas. A própria Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou, esta manhã, que não tinha registrado nenhuma desmobilização nas rodovias do país.
Alegando que ninguém aguenta mais a alta dos preços dos combustíveis no país, Fonseca reconheceu que o movimento vem contando com a simpatia de uma ampla parcela da opinião pública e dos formadores de opinião, mas que isso tende a mudar à medida que os reflexos da paralisação começarem a impactar o cotidiano da população.
“Quem inicialmente nos apoiou, amanhã vai nos acusar pela falta de alimentos, combustível, medicamentos…Queremos encerrar este movimento com o mesmo apoio da opinião pública e de todos que nos ajudaram e estamos trabalhando nesta linha, mas isso precisa ser uma coisa bem organizada e vamos ter que voltar a ter uma conversinha com o governo”, acrescentou Fonseca.