Brasil

"Não falta dinheiro para a saúde. Falta gestão", diz ministro

No evento Exame Fórum Saúde, Ricardo Barros disse que enquanto recursos não forem bem aplicados, o país não terá uma boa saúde

Ricardo Barros, ministro da Saúde, durante o EXAME Fórum Saúde em 12/09/17 (Germano Luders/Exame)

Ricardo Barros, ministro da Saúde, durante o EXAME Fórum Saúde em 12/09/17 (Germano Luders/Exame)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 12 de setembro de 2017 às 15h46.

Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 12h37.

São Paulo  --  O problema da saúde pública no Brasil não é a falta de recursos, mas sim uma questão de gestão. Esse é o parecer que o ministro Ricardo Barros (Saúde) apresentou nesta terça-feira (12) durante o EXAME Fórum Saúde, realizado em São Paulo. "Enquanto não tivermos convicção de que os recursos são bem aplicados, não teremos uma boa saúde no país”, disse.

Sob seu comando, o Ministério da Saúde já conseguiu economizar 3,9 bilhões de reais -- uma economia obtida com a redução de cargos e renegociação de contratos. “Vamos aumentando escala e baixando preço de forma que com os mesmos recursos a gente consiga tratar mais pessoas”. Para chegar nesse resultado, Barros disse que “gestão é tudo”.

O ministro citou um exemplo de mau direcionamento dos recursos: existem hoje no país 1.158 UBS (Unidades Básicas de Saúde) e UPAS (Unidades de Pronto Atendimento) que estão concluídas, mas sem funcionar. “Elas viraram moeda de troca política. Os municípios fazem, mas não têm capacidade de operar o modelo. Temos de resolver isso”.

Para resolver o problema do descumprimento da carga horária por médicos, o ministro anunciou que pretende instalar biometria para servidores do sistema. “Sabemos que a média mensal de consultas por medico é de 168, quando o esperado seriam 384. Se todos cumprirem a sua parte o sistema vai funcionar”, disse.

É por conta disso, aliás, que ele renovou o programa Mais Médicos. “Apesar de termos reduzido o número de médicos cubanos e aumentado o de brasileiros, temos de continuar o programa porque muitos brasileiros não querem, de fato, trabalhar em locais distantes. Além disso, o programa é muito bem avaliado porque os médicos estrangeiros sentam às 8h na sala e ficam lá até quando precisar”, relatou.

Barros também pretende fiscalizar se os hospitais estão realizando serviços bancados com recursos públicos. “Hoje pagamos e não pedimos em troca. Agora vamos exigir informações de volta”, disse.

Outra forma de aumentar a eficiência do sistema será o lançamento de um aplicativo para verificar se os usuários irão comparecer a consultas, de modo a garantir tempo hábil para ceder o horário para outro usuário do sistema. “Hoje o cidadão não comparece a 30% das consultas básicas”.

O prontuário eletrônico, que o ministro anuncia que deve ficar pronto até o final do ano que vem, também deve reduzir o número de consultas e exames repetidos. “Hoje o sistema mostra apenas quantas pessoas foram vacinadas, e não quais. Queremos resolver isso para economizar um valor estimado em 20 bilhões”, afirmou.

Confira a seguir uma entrevista exclusiva de EXAME com Ricardo Barros:

yt thumbnail

Quer assistir ao evento completo? Confira abaixo o vídeo que foi transmitido ao vivo na página de EXAME no Facebook:

Acompanhe tudo sobre:eventos-exameEXAME FórumMinistério da SaúdeSaúdeSaúde no BrasilSUS

Mais de Brasil

Acidente da Tam: maior tragédia da aviação brasileira completa 17 anos

Ministro da Defesa busca recursos para Forças Armadas, enquanto governo discute bloqueio de gastos

Governo cria sistema de emissão de carteira nacional da pessoa com TEA

Mais na Exame