David Uip, médico infectologista e secretário da saúde do estado de São Paulo, durante EXAME Fórum Saúde em 12/09/17 (Germano Luders/Exame)
Marília Almeida
Publicado em 12 de setembro de 2017 às 12h00.
Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 12h38.
São Paulo - Apesar de o orçamento para a saúde do Estado de São Paulo ser maior do que o de outros estados, o avanço do volume de recursos para o setor perde tanto para a inflação da saúde quanto para o IPCA, segundo cálculos de David Uip, secretário da saúde do Estado.
Se em situações normais, isso já seria um problema, o quadro se agrava diante de um cenário de envelhecimento da população, que exige mais investimentos na área. Portanto, fazer mais e melhor com menos recursos é o maior desafio da saúde pública, concluiu Uip, durante sua palestra no EXAME Fórum Saúde, realizado nesta terça (12) em São Paulo.
Um dos principais caminhos para atingir este objetivo, na visão do secretário, é investir em parcerias público-privadas (PPPs). “Entendemos que o modelo de saúde atual está desequilibrado. Não dá mais para separar o público e o privado”, disse.
De acordo com ele, o estado de São Paulo se destaca nesse aspecto. Entre os exemplos citados por Uip na palestra está a licitação para a distribuição de medicamentos -- tarefa para a qual o estado não tem competência para agir, segundo ele. Em outra PPP, que busca um parceiro para a realização de exame de imagens e já tem 10 interessados, o secretário afirmou que a expectativa é economizar 466 milhões de reais.
A terceirização é outro caminho encontrado para desatar o nó dos custos do sistema de saúde do estado. Uip cita que 20% dos funcionários já são terceirizados. "Não se trata apenas de diminuir custos. O sistema de contratação de servidores é difícil. Temos dezenas de concursos públicos, principalmente de médicos e enfermeiros, para os quais não tivemos candidatos”.
A visão foi reforçada por Claudio Lottenberg, presidente do UnitedHealth Group do Brasil. “Criamos um divórcio, a percepção de que o sistema público tem de caminhar de forma independente do privado. Mas, se olharmos exemplos internacionais, não é o que acontece”.
Na visão dele, as licitações têm vantagens, mas ainda caminham a passos lentos no país. “A falta de agilidade é percebida pelo usuário como falta de qualidade. Ou seja, é um ponto importante que precisa ser solucionado”, afirmou.
Os planos populares de saúde já atendem 2% da população e, segundo Lottenberg, podem ser um caminho para agregar valor ao sistema público de saúde. “Já foi comprovado que o cidadão tem vontade de arcar com procedimentos de baixa complexidade. Cobrar por eles não é retirar direitos, mas permitir ampliar a geografia e os serviços. O foco deve ser a necessidade do cidadão. O debate deve ser despolitizado”, ressaltou.
Ele cita os Estados Unidos como o maior exemplo de integração entre saúde pública e privada. “Eles fazem a integração buscando inteligência operacional, com inovação. O objetivo da parceria deve ser buscar expertise”, disse.
Assista à entrevista exclusiva de David Uip para EXAME:
Confira também a entrevista de Claudio Lottenberg:
Veja abaixo o vídeo completo do EXAME Fórum Saúde