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Na mira da CPI da Covid, Pazuello viaja com Bolsonaro para Goiás

Ex-ministro da Saúde é um dos principais alvos da comissão parlamentar de inquérito, criada para investigar a atuação do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia, além dos repasses de verbas federais para estados e municípios

Ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello: ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) sinalizaram que devem punir Pazuello e seus auxiliares por omissões na gestão da pandemia da covid-19 (EVARISTO SA / Colaborador/Getty Images)

Ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello: ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) sinalizaram que devem punir Pazuello e seus auxiliares por omissões na gestão da pandemia da covid-19 (EVARISTO SA / Colaborador/Getty Images)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 17 de abril de 2021 às 18h46.

Última atualização em 19 de abril de 2021 às 14h50.

Na semana em que o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a decisão que mandou o Senado abrir a CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro mobilizou dois helicópteros para viajar a Goianápolis (GO), a cerca de 200 quilômetros de Brasília, promoveu aglomeração e cumprimentou populares, ao lado do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

Pazuello é um dos principais alvos da comissão, criada para investigar a atuação do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia, além dos repasses de verbas federais para Estados e municípios.

A abertura de uma CPI pode levar à convocação de autoridades para prestar depoimentos, quebra de sigilo telefônico e bancário de alvos da investigação, indiciamento de culpados e encaminhamento ao Ministério Público de pedido de abertura de inquérito. Um depoimento de Pazuello à CPI preocupa o Planalto. Os trabalhos da comissão aprofundam o desgaste de Bolsonaro em um momento de queda de popularidade do presidente, agravamento da pandemia e piora nos indicadores econômicos.

Na última quarta-feira, ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) sinalizaram que devem punir Pazuello e seus auxiliares por omissões na gestão da pandemia da covid-19. Relator da ação sobre a conduta do Ministério da Saúde durante a crise sanitária o ministro Benjamin Zymler disse que a pasta evitou assumir a liderança do combate ao novo coronavírus no País.

Segundo o relator, uma das ações da gestão de Pazuello foi mudar o plano de contingência do órgão na pandemia, com a finalidade de retirar responsabilidades do governo federal sobre o gerenciamento de estoques de medicamentos, insumos e testes. "Em vez de expandir as ações para a assunção da centralidade da assistência farmacêutica e garantia de insumos necessários, o ministério excluiu, por meio de regulamento, as suas responsabilidades", afirmou Zymler.

A CPI da Covid já definiu seus principais cargos e deve iniciar os trabalhos na próxima semana. Com minoria na comissão, o Palácio do Planalto jogou a toalha e aceitou o acordo fechado por senadores independentes e de oposição. O presidente da CPI será Omar Aziz (PSD-AM), a vice-presidência ficará com Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e a relatoria, com Renan Calheiros (MDB-AL).

Passeio. Assim que pousou em um campo de futebol neste sábado, diversas pessoas se aglomeraram para saudar Bolsonaro, conforme revelaram imagens transmitidas pelo líder do PSL na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO). O chefe do Executivo cumprimentou os populares apertando as mãos, ignorando protocolos sanitários para evitar a propagação da covid-19. Nas imagens, é possível ver que há desde pessoas idosas até crianças. O presidente chegou a pegar um bebê no colo, logo depois de tocar em vários apoiadores.

Em seu passeio, Bolsonaro ainda parou em um posto da Polícia Rodoviária Federal, em compromissos que não foram divulgados na agenda pública da Presidência da República. Mais uma vez, o chefe do Executivo ignorou os protocolos sanitários e dispensou o uso de máscara, apesar do agravamento da pandemia, que já levou à morte mais de 360 mil brasileiros.

O presidente já foi contaminado pela covid-19 e atribuiu sua recuperação ao que chama de tratamento precoce - que não tem comprovação científica - e a seu histórico de atleta. Depois de ter declarado que não tomaria vacina, Bolsonaro disse a apoiadores ontem à noite que pretende ser imunizado "por último". Segundo o presidente, a decisão se dá porque há "muita gente apavorada" esperando pela vacina "dentro de casa".

Conforme o Estadão/Broadcast mostrou, com 66 anos de idade, Bolsonaro está apto a receber a vacina no Distrito Federal desde o dia 3 de abril, mas optou por não se vacinar. Outro argumento do presidente para não receber o imunizante é o de já ter contraído o vírus em julho do ano passado. Segundo dados do consórcio de veículos de imprensa, 12,17% dos cidadãos brasileiros já foram vacinados com a primeira dose. Desde o início da pandemia, o Brasil contabiliza mais de 369 mil mortes por coronavírus.


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