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MPF revela evidências de repasse de R$ 300 mil a Aleluia

Documento anexado à inquérito no STF mostra que pagamento ocorreu em favor do codinome "Missa", que, segundo executivos da Odebrecht, identifica deputado

José Carlos Aleluia: deputado negou que tenha recebido qualquer pagamento (Zeca Ribeiro/Agência Câmara)

José Carlos Aleluia: deputado negou que tenha recebido qualquer pagamento (Zeca Ribeiro/Agência Câmara)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de abril de 2018 às 20h56.

Brasília - Relatórios com dados extraídos do sistema do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, que registram toda a contabilidade paralela da empreiteira, revelam evidências do suposto pagamento de R$ 300 mil ao deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA), aponta relatório produzido pelo Ministério Público Federal (MPF). O suposto repasse já havia sido relatado na delação da Odebrecht.

Anexado ao inquérito que investiga o parlamentar no Supremo Tribunal Federal (STF), o documento mostra que o pagamento ocorreu no dia 17 de setembro de 2010, em favor do codinome "Missa", que, segundo executivos da empreiteira, identifica Aleluia.

"Os registros identificados no 'MyWebDay B' indicam que os R$ 300 mil foram pagos pela Odebrecht em espécie, na cidade de Salvador, diretamente ao destinatário José Carlos Aleluia, em razão da Campanha Eleitoral do ano 2010 e o executivo responsável foi Cláudio Melo Filho.

O dinheiro foi viabilizado a partir da conta de controle da Odebrecht denominada CXSSAR - CAIXA UVRE SALVADOR - REAL, operacionalizada por Maria Lúcia Tavares, funcionária do Setor de Operações Estruturadas da empreiteira", registra o relatório do MPF, produzido pela Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise - SPPEA/PGR.

O MPF afirma que no relatório Lançamentos Diário de Saída constam importantes informações, tais como "O codinome beneficiário (MISSA) que identifica José Carlos Aleluia; o local de pagamento (DIRETOS), indicando que a entrega do dinheiro se deu em espécie diretamente ao beneficiário; e por fim o valor do pagamento (R$ 300.000,00)".

O documento foi juntado ao processo pela Procuradoria-geral da República, que enviou à Corte no dia 18 de abril um pedido de prorrogação do prazo para a conclusão do inquérito, por 30 dias.

O relator do inquérito é o ministro Luiz Fux. A manifestação, assinada pelo vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, relembra que o inquérito no STF foi aberto após ex-executivos da Odebrecht relatarem pagamentos ao deputado no valor de R$ 300 mil no ano de 2010.

Ainda foi narrado que, no contexto das eleições de 2014, Aleluia teria recebido doação oficial no importe de R$ 280 mil, "tendo, como contrapartida, no exercício do mandato e mediante solicitação expressa, assumido posições favoráveis aos interesses do Grupo Odebrecht".

O documento do MPF ressalta que nos relatórios extraídos do sistema "MyWebday B" constam registros de pagamentos apenas até o mês de junho de 2012, "portanto, não há registros referentes ao segundo semestre de 2012 e aos anos de 2013 e 2014".

Defesa

À reportagem, o deputado negou que tenha recebido qualquer pagamento. "Não houve absolutamente nenhum pagamento. As evidências que têm são de que o dinheiro teve outro destino, porque inclusive a época é incompatível, eu estava com a eleição perdida", alegou Aleluia.

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