MP-RJ: Até agora, é coincidência suspeito ser vizinho de Bolsonaro
"Muito pelo contrário, não temos controle dos nossos vizinhos", disse a coordenadora do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de março de 2019 às 17h02.
Última atualização em 12 de março de 2019 às 18h25.
São Paulo — O fato de um dos suspeitos pela morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) preso nesta terça-feira (12), ser vizinho do presidente Jair Bolsonaro é, até agora, uma coincidência, de acordo com o Ministério Público do Rio.
"Absolutamente, não há nenhum fato que diga que tem alguma vinculação. Muito pelo contrário, não temos controle dos nossos vizinhos. Até esse momento, o fato foi coincidência", disse a coordenadora do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-RJ, Simone Sibílio, durante coletiva de imprensa.
Apontado como autor dos disparos que mataram Marielle e o motorista Anderson Gomes, o policial militar reformado Ronnie Lessa mora no mesmo condomínio do presidente Jair Bolsonaro no Rio.
Operação antecipada
A promotora disse que Lessa e Queiroz estavam sendo monitorados há meses e tinham uma ligação próxima. Ambos estiveram juntos no Carnaval hospedados em uma casa de luxo na cidade de Angra dos Reis, no sul do Estado.
Os dois presos nesta terça estavam, segundo o MP, no carro de onde partiram os disparos fatais contra Marielle e Anderson Gomes.
Na operação de busca e apreensão, um arsenal de armas que, segundo o MP tem relação com Lessa, foi apreendido. Na casa do PM reformado foram encontradas armas. Para o Ministério Público, esses fatos mostram que Lessa "não é uma pessoa de paz".
Os dois foram as peças operacionais da execução, de acordo com os investigadores, que disseram que a segunda fase da apuração foi iniciada nesta terça e busca o mandante do crime.
Os advogados de Lessa e de Queiroz negaram que seus clientes tenham cometido o crime.
Motivação
A atuação política da vereadora foi o que motivou o assassinato da parlamentar há cerca de um ano, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro.
"O crime contra Marielle Franco, segundo as investigações nos autorizam a afirmar, teve uma motivação torpe decorrente de uma repulsa de Ronnie Lessa à atuação política de Marielle na defesa de suas causas, como as voltadas para as minorias, mulheres negras, LGBT e outras causas. Isso ficou suficientemente comprovado", disse a promotora Simone Sibílio.
O órgão, no entanto, não descarta a possibilidade de haver um mandante para o crime após a prisão nesta terça-feira de dois suspeitos de executarem Marielle e seu motorista Anderson Gomes.
"É possível que tenha mandante? É possível como é possível que não tenha. Mas nenhuma linha é descartada... os possíveis mandantes serão investigados nos autos desmembrados que estão sob sigilo", complementou ela.