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MP de Goiás já atendeu 206 mulheres que seriam vítimas de João de Deus

A maior parte delas entrou em contato por meio do email. O MP-MG informou que fez dois atendimentos nesta terça-feira

Ao menos 30 denúncias foram levadas ao MP paulista, segundo a promotora Maria Gabriela Manssur. Como as investigações só começaram agora, não é possível dizer se há duplicidade de relatos com as denúncias feitas ao MP de Goiás (Cesar Itiberê/Fotos Públicas)

Ao menos 30 denúncias foram levadas ao MP paulista, segundo a promotora Maria Gabriela Manssur. Como as investigações só começaram agora, não é possível dizer se há duplicidade de relatos com as denúncias feitas ao MP de Goiás (Cesar Itiberê/Fotos Públicas)

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Clara Cerioni

Publicado em 11 de dezembro de 2018 às 13h02.

Última atualização em 11 de dezembro de 2018 às 18h14.

São Paulo - O Ministério Público de Goiás realizou até as 17h desta terça-feira (11) 206 atendimentos a mulheres que se apresentam como vítimas de João Teixeira de Faria, o médium João de Deus.

Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Maro Grosso do Sul. O MP-MG informou que fez dois atendimentos nesta terça-feira.

A maioria das vítimas (156 até o momento) procuraram o canal criado exclusivamente para essa finalidade, o e-mail denuncias@mpgo.mp.br.

As vítimas também podem procurar o MP de Goiás pelos telefones (62) 3243 8051 e 8052 ou presencialmente.

Segundo o MP-GO, todas as mulheres estão sendo orientadas a procurarem o Ministério Público de seu estado, que ficará responsável pela coleta de depoimentos. Em seguida, essas provas serão enviadas para força-tarefa do MP-GO, que conta com cinco promotores de Justiça e duas psicólogas.

São Paulo

Ao menos 30 denúncias foram levadas ao MP paulista, segundo a promotora Maria Gabriela Manssur. Como as investigações só começaram agora, não é possível dizer se há duplicidade de relatos com as denúncias feitas ao MP de Goiás.

Ela considera que o número de casos de abusos pode chegar a 200 no País, segundo relatos em grupos de vítimas. No Estado, quatro promotores vão atender as autoras das queixas.

Presidente do grupo Vítimas Unidas, criado por vítimas do ex-médico Roger Abdelmassih, Maria do Carmo dos Santos diz que as autoras de denúncias ainda estão sendo ameaçadas e que "muito mais vai aparecer."

Segundo ela, vítimas e apoiadores se organizam para garantir que João de Deus seja punido, diferentemente do que ocorreu em outras acusações esparsas.

Em paralelo, ativistas lançaram a hashtag #OprahWeNeedYou (Oprah, precisamos de você) para cobrar um posicionamento da apresentadora Oprah Winfrey, que retratou o médium em programas da TV americana . "Cadê o movimento 'Mexeu com uma, mexeu com todas'?"

A Federação Espírita Brasileira divulgou nota, dizendo que "o serviço espiritual não deve ocorrer isoladamente, apenas com a presença do médium e da pessoa assistida".

Hoje os promotores estão se dedicando exclusivamente ao atendimento da população e interlocução com os coordenadores dos Centros de Apoio Operacional Criminal dos demais estados.

Defesa

O líder espiritual João de Deus passou a segunda-feira em São Paulo para se encontrar com seu advogado, Alberto Zacharias Toron.

Segundo o defensor, um ofício foi encaminhado para o Ministério Público e outros seriam enviados para a Delegacia de Polícia e o Fórum de Abadiânia (GO), informando que João de Deus está à disposição para esclarecimentos.

"Ele volta para Abadiânia para exercer o trabalho dele, ajudando as pessoas como vem fazendo nos últimos 40 anos", afirmou o criminalista.

Conforme o site de O Globo noticiou nesta segunda à noite, no documento protocolado na Justiça de Abadiânia, a defesa diz ter recebido "com indignação" as acusações.

Assinado por Toron, o ofício registra que João de Deus "rechaça" o que classifica de "qualquer prática imprópria dos seus procedimentos", como havia dito em respostas enviadas à TV Globo. A reportagem do Estadão tentou e não conseguiu contato com a assessoria de imprensa do médium.

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