Juscelino Kubitschek acenando num Fusca conversível: a Comissão da Verdade de São Paulo duvida da versão de Josias e pedirá a exumação do crânio do motorista de Juscelino (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2013 às 07h15.
São Paulo - Um motorista de ônibus, que em 1976 foi acusado de provocar o acidente que causou a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, afirmou nesta terça-feira na Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo que foi subornado na época para que assumisse a culpa pelo ocorrido.
O motorista Josias Nunes de Oliveira, de 69 anos, manifestou na Câmara dos Vereadores que foi visitado por desconhecidos em agosto de 1976, alguns dias depois da morte de Juscelino.
Josias, que chorou várias vezes durante o seu depoimento de mais de duas horas e assegurou que pedirá uma indenização ao Estado pela pressão com a qual viveu nos últimos 37 anos, afirmou que se negou a receber a mala de dinheiro.
"Faz 37 anos do acidente e não me esqueci. Mexeram com um negócio errado. Eu trabalhava com amor e carinho no serviço e fizeram o que fizeram comigo", relatou o motorista de ônibus, que depois foi absolvido da acusação de homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
O motorista sustentou a versão de que o automóvel em que estava Juscelino o ultrapassou e se chocou de frente com um caminhão, que fugiu depois do acidente, e contou que prestou socorro ao ex-presidente, sem saber quem era.
O político e seu motorista particular, Geraldo Ribeiro, morreram no acidente na via Dutra.
O governo de Minas Gerais informou no mês passado que iniciou uma nova investigação para esclarecer o ocorrido.
A Comissão da Verdade de São Paulo duvida da versão de Josias e pedirá a exumação do crânio do motorista de Juscelino, segundo seu presidente, Gilberto Natalini, do Partido Verde (PV).
O crânio foi periciado em um processo aberto em 1996 e apresentou um orifício lateral e um fragmento de metal dentro do mesmo, que foi considerado pela perícia oficial como um prego do caixão, uma situação que sempre provocou desconfiança sobre a morte do ex-presidente e, segundo investigadores de Minas Gerais, pode ser a marca de um disparo de arma de fogo.