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Morre Sergio Paulo Rouanet, que deu nome à Lei de Incentivo à Cultura

Acadêmico da ABL e diplomata, ele tinha 88 anos e foi vítima do avanço da síndrome de Parkinson

Sergio Rouanet  (© Guilherme Gonçalves / Arquivo ABL/Agência Brasil)

Sergio Rouanet (© Guilherme Gonçalves / Arquivo ABL/Agência Brasil)

AO

Agência O Globo

Publicado em 4 de julho de 2022 às 11h20.

O acadêmico e diplomata Sérgio Paulo Rouanet morreu neste domingo (3) , aos 88 anos, no Rio. A informação foi confirmada pelo Instituto Rouanet, fundado por ele e a mulher, a filósofa alemã Barbara Freitag. Segundo a instituição, ele foi vítima do avanço da síndrome de Parkinson. Rouanet será cremado na próxima terça-feira.

""É com muito pesar e muita tristeza que informamos o falecimento do Embaixador e intelectual Sergio Paulo Rouanet, hoje pela manhã do dia 3 de julho. Rouanet batalhava contra o Parkinson, mas se dedicou até o final da vida à defesa da cultura, da liberdade de expressão, da razão, e dos direitos humanos. O Instituto carregará e ampliará seu grande legado para futuras gerações", diz o instituto em nota.

Ocupante da cadeira de número 13 da Academia Brasileira de Letras há três décadas, o ensaísta deixa três filhos - Marcelo, Luiz Paulo e Adriana.

Como secretário de Cultura do governo Fernando Collor, ele foi o responsável pela criação da lei brasileira de incentivos fiscais à cultura, em 1991. A iniciativa, que acabou batizada justamente com o seu nome, Lei Rouanet, autoriza produtores a buscarem investimento privado para financiar iniciativas culturais. Em troca, as empresas podem abater parcela do valor investido no Imposto de Renda.

A medida foi fundamental para o financiamento do setor nas últimas três décadas e , nos últimos anos, foi uma espécie de carro-chefe da guerra cultural bolsonarista. Virou alvo de fake news e serviu de munição para os aliados do bolsonarismo.

- Ele andava muito chateado com essa distorção que o governo Bolsonaro faz da lei que leva o nome dele. Ficou abalado e muito revoltado quando o governo anunciou que ia financiar filmes a favor das armas com dinheiro saído da Lei Rouanet - conta Merval Pereira, presidente da ABL, para quem Rouanet era "um intelectual público exemplar". - Foi um dos maiores pensadores públicos brasileiros. Como ministro, sempre se dedicou à cultura. Na ABL fez fez um trabalho formidável e histórico, que foi a série de cinco livros com correspondências de Machado de Assis, trabalho fundamental para conhecer a pessoa do Machado a pessoa.

Rouanet também atuou como jornalista cultural. Sua estreia foi no Jornal do Brasil, escrevendo um artigo semanal para a coluna "Eles pensaram por nós". A partir de novembro de 1996, passou a ser colunista do caderno Ideias, do mesmo jornal. Nos últimos anos, Rouanet também foi colunista do jornal Folha de S. Paulo. Assinou ainda artigos em várias revistas como Tempo Brasileiro; na Revista do Brasil; na Revista Estudos Avançados da USP; na Revista Brasileira e em revistas internacionais.

A Câmara Brasileira do Livro lamentou o falecimento de Rouanet, "que teve papel de grande destaque na valorização e no desenvolvimento da cultura brasileira nas últimas décadas". A Anpocs também divulgou nota assinada por seu presidente, André Botelho. "Deixa importante legado intelectual também para as ciências sociais; além de um legado público, incluído o para o campo das políticas culturais".

Com a morte de Rouanet, o favorito para ocupar a cadeira 13 da ABL, vaga desde hoje com a morte de Sergio Paulo Rouanet, é o jornalista e escritor Ruy Castro.

- O Ruy é um provável candidato desde que ganhou o prêmio Machado de Assis. Estamos querendo colocar mais romancistas e ficcionistas na ABL - confirma Merval.

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