Moro busca Michel Temer para abrir diálogo com MDB
Moro e Temer já conversam por telefone e um encontro entre os dois chegou a ser marcado, mas foi adiado por problemas de agenda
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de dezembro de 2021 às 19h03.
Última atualização em 15 de dezembro de 2021 às 19h17.
Pré-candidato à Presidência pelo Podemos, o ex-juiz Sergio Moro se aproximou do ex-presidente Michel Temer em uma tentativa de criar pontes com o MDB para a disputa em 2022. Moro, que tem a Lava-Jato como bandeira, enfrenta resistência para avançar em conversas com partidos e lideranças que foram alvo da operação. Temer foi preso, em 2019, em ação da Lava-Jato do Rio de Janeiro por decisão do juiz Marcelo Bretas.
Moro e Temer já conversam por telefone e um encontro entre os dois chegou a ser marcado, mas foi adiado por problemas de agenda. Os dois devem se encontrar até o final deste ano ou no início de 2022.
Desde que se filiou ao Podemos para disputar a Presidência, Moro já se encontrou com dois pré-candidatos da "terceira via": o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o cientista político Luís Felipe d'Avila (Novo). Não se reuniu, porém, com a senadora Simone Tebet (MS), pré-candidata do MDB, nem com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, nome do PSD ao Planalto.
Quando Moro assinou a ficha de filiação ao Podemos, em novembro, o partido convidou o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi, e a senadora Simone Tebet, mas nenhum dos dois compareceu. Rossi enviou como seu representante o deputado federal Herculano Passos (MDB-SP).
Em caráter reservado, lideranças emedebistas, tucanas e de partidos do Centrão avaliam que Moro terá dificuldade em montar uma base partidária de apoio em 2022.
"Diálogo"
Entre os aliados de Moro também prevalece o ceticismo quanto à aproximação com políticos e partidos que foram alvo da Lava-Jato, mas o ex-ministro tem dado sinais que pretende modelar o discurso em 2022 de forma pragmática em vez de negar a política tradicional como fez Jair Bolsonaro em 2018.
No MDB há uma ala pró-Lava Jato que não resiste ao diálogo com o ex-ministro. "Neste momento, o quadro é de muitas conversas e de mandar mensagens para fora. Moro procura estabelecer pontes. Se ele concordar em ser vice da Simone Tebet, seria uma boa chapa", disse o deputado Alceu Moreira, presidente do MDB-RS.
Em suas falas, Moro tem dito que o jogo político exige "diálogo no limite ético" e que o combate à corrupção segue na agenda, mas não será seu foco principal. Quando foi questionado a respeito de suas decisões como juiz, ele disse que a campanha de 2022 terá "um competente sobre o passado".
"Algumas pessoas são críticas em relação a algumas decisões que eu tomei, mas tenho tranquilidade, tanto no caso da Lava-Jato como no governo. Às vezes foram decisões difíceis, mas estou pronto para defendê-las", disse Moro em um debate organizado pela iniciativa do grupo "Derrubando Muros" na segunda-feira.
A narrativa pragmática agradou os apoiadores lavajatistas. "Moro tem de conversar com todo mundo. A terceira via precisa se destacar. Conversar com agentes políticos não é crime. Ele não pode ser um negacionista político", disse Adelaide Oliveira, porta voz do Movimento Brasil Livre (MBL).