Moraes homologa delação premiada e manda soltar Mauro Cid
Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro está preso há 128 dias e será obrigado a usar tornozeleira eletrônica
Agência de notícias
Publicado em 9 de setembro de 2023 às 12h16.
Última atualização em 9 de setembro de 2023 às 12h43.
Um dos principais auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro nos quatro anos de governo, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid teve seu acordo de delação premiada com a Polícia Federal homologado neste sábado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Com isso, Mauro Cid será solto, mas com liberdade provisória, eobrigado a usar tornozeleira eletrônica. Pela decisão, ele também ficará afastado do Exército e será obrigado a fazer recolhimento noturno.
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Na prática, a decisão representa o aval da Justiça para que o tenente-coronel colabore com investigações que envolvem ele e o ex-titular do Palácio do Planalto em troca de benefícios, como redução ou perdão judicial em caso de condenação.
Cid, que é tenente-coronel da ativa do Exército, está preso desde o dia 3 de maio e é alvo de suspeitas que envolvem fraude em cartões de vacinação, venda irregular de presentes dados ao governo brasileiro e tramas para um possível golpe de estado no país. Como revelou o blog da jornalista Andréia Sadi, do g1,a proposta de delação apresentada pela defesa do militar envolve os três temas.
O militar está preso há 128 dias no Batalhão da Polícia do Exército de Brasília.A homologação é considerada uma das fases mais importantes das tratativas de colaboração premiada, uma vez que confirma a validade dos termos apresentados pelo colaborador, assim como a sua intenção de colaborar "de livre e espontânea vontade".
Delação de Cid: os próximos passos da negociação do acordo do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
Cid, ao lado de seu advogado, Cézar Bittencourt, esteve nesta quarta-feira na sede do STF para entregar um termo de intenção no qual se dispõe a firmar o acordo de delação premiada com a Polícia Federal.
Desde o início do ano o tenente-coronel vem prestando depoimentos à PF. Com a homologação do acordo, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro deverá seguir prestando informações para esclarecer fatos pelos quais é investigado.
Contexto
Mauro Cid foi ajudante de ordens de Bolsonaro durante todo o seu mandato e, desde o fim do governo, virou foco de investigações envolvendo suspeitas relacionadas a fraude em cartões de vacinação, venda irregular de presentes dados ao governo brasileiro e também em tramas para um possível golpe de estado no país.
A investigação mais avançada é a que trata da venda de presentes recebidos por Bolsonaro durante sua passagem pela Presidência.
Investigadores identificaram que Cid, com participação do seu pai, o general da reserva Mauro Lourena Cid, vendeu dois relógios recebidos por Bolsonaro de outros chefes de estado, além de joias e outros itens de luxo.
Cid está preso desde maio, entretanto, em razão de outro inquérito, que apura uma suposta fraude em cartão de vacina. Segundo a investigação da Polícia Federal, Cid teria atuado para fraudar certificados de votação para si próprio e para seus familiares antes de uma viagem aos Estados Unidos. Os dados do ex-presidente Jair Bolsonaro, assim como o de sua filha, Laura Bolsonaro, também teriam sido fraudados por orientação do então ajudante de ordens.