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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2014 às 22h47.
São Paulo - A presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, disse nesta quinta-feira (09) em comício em Salvador, que Armínio Fraga, ex-presidente do BC e principal colaborador econômico de seu adversário neste segundo turno, o candidato do PSDB Aécio Neves, não gosta do salário mínimo. Fraga rebateu a presidente em nota.
"Trata-se de um absurdo, que repilo com veemência. Ela está mal informada ou distorce os fatos."
Simpatizantes de Aécio que atuam na área econômica lembraram ainda que um dos principais colaboradores de seu governo, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, cotado para ficar em um eventual segundo mandato da petista, inclusive no Ministério da Fazenda, declarou, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, na reta final do primeiro turno da campanha presidencial de 2010, que o governo deveria parar de aumentar o salário mínimo em termos reais.
"Eu daria toda ênfase ao Bolsa-Família e riscaria os reajustes do salário mínimo. Eu sei que quem fala disso apanha à beça, mas faz parte...", teria dito ele, na ocasião.
Na argumentação de que o governo deveria parar de aumentar o mínimo em termos reais, Neri, que é PHD em economia pela Universidade de Princeton e mestre e, economia pela PUC do Rio, destacou naquela ocasião que as pessoas no País já não são mais pobres.
"Quem recebe um salário mínimo, ou quem tem na família alguém que recebe um mínimo, já não é mais pobre, por definição", citou.
E exemplificou dizendo que com salário mínimo de R$ 510 (o valor na época), o governo estava fazendo política para a classe C, no máximo D. "E o que a classe C precisa é de mais acesso ao mercado. É a classe E que necessita de ação do poder público e o Bolsa Família é o caminho para isso", emendou, segundo as fontes que também são próximas de Fraga.
Ao falar sobre o papel do aumento real deste salário, ele teria lembrado, conforme recordaram tais fontes, que estudos realizados pela Fundação Getúlio Vargas, na década de 90, indicavam que após o Plano Real, o aumento do mínimo de R$ 70 para R$ 100 foi responsável por boa parte da redução da pobreza.
"Foi uma queda instantânea, logo em maio de 95 caiu para 11%".
E continua, dizendo que isso ocorreu porque o salário mínimo era muito baixo, mas como foi aumentando de valor ao longo dos anos, tendo dobrado em termos reais desde 2000, esses efeitos positivos de redução de pobreza e de desigualdade foram perdidos.
"Não é que a pobreza não caiu, é quem tem de olhar com lupa para ver o efeito sobre as pessoas que são afetadas pelo mínimo", disse.