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Ministério lança plano para conter crise na segurança e pacote de emergência para Rio e Bahia

Iniciativa prevê investimento de R$ 900 milhões e será focada na eficiência dos órgãos policiais e da justiça criminal

Flávio Dino, ministro da Justiça (Valter Campanato/Getty Images)

Flávio Dino, ministro da Justiça (Valter Campanato/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 2 de outubro de 2023 às 13h17.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, assinou nesta segunda-feira, 2, portaria que cria o programa de Enfrentamento às Organizações Criminosas (Enfoc).

Como o jornal O Estado de S. Paulo antecipou, a iniciativa prevê investimento de R$ 900 milhões e será organizada em cinco eixos: integração institucional e informacional; eficiência dos órgãos policiais; portos, aeroportos, fronteiras e divisas; eficiência da justiça criminal; e cooperação entre União, Estados e municípios e com órgãos estrangeiros.

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Nas últimas semanas, a crise na segurança pública da Bahia, onde operações policiais deixaram mais de 70 mortos só em setembro, e vídeos que mostram o domínio das facções no Rio de Janeiro elevaram a pressão sobre o Ministério da Justiça e Segurança Pública, que tem Flávio Dino (PSB) à frente. Pesquisa do Instituto Atlas mostrou a segurança como a área com pior avaliação no governo entre os eleitores.

Dino também autorizou a utilização da Força Nacional no Rio de Janeiro, atendendo a pedido do governador Cláudio Castro (PL), onde circularam vídeos de treinamento de guerrilha de facções criminosas em favela da zona norte.

No total, há um reforço no envio de 570 agentes para o Estado, entre policiais federais e agentes da Força Nacional.

O governo federal detalhou da seguinte forma a verba ofertada ao Rio:

  • R$ 113 milhões de exercícios anteriores do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP);
  • R$ 39 milhões do exercício de 2023 do FNSP;
  • R$ 95 milhões do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) para construção de presídios de segurança máxima.

Já para a Bahia, haverá o envio de 109 policiais da PF, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Comando de Operações Táticas. Para o Estado do Nordeste, também é previsto envio de R$ 20 milhões extras para reforçar o combate à criminalidade.

Com isso, chega a R$ 168 milhões a verba prevista para o governo baiano, divididos nas seguintes frentes:

  • R$ 39 milhões do exercício 2023 do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP);
  • R$ 86 milhões de exercícios anteriores do FNSP;
  • R$ 20 milhões extras do FNSP, para custeio, viaturas, equipamentos de inteligência e armas não letais;
  • o R$ 23 milhões para execução da Operação Paz, de combate a homicídios.

Cobranças

A segurança é uma prerrogativa de atuação dos Estados, mas especialistas têm cobrado mais articulação e apoio do governo federal. "Como vou fazer intervenção federal toda hora como nos cobram? Não é possível, porque a forma federativa do Estado nos impede de ser em algum momento uma ditadura", disse Dino, que tem rebatido nas redes sociais as críticas à sua atuação no cargo.

Apesar das críticas, Dino pode deixar a pasta rumo ao Supremo Tribunal Federal (STF): é apontado como um dos favoritos para a vaga da ministra Rosa Weber, que se aposenta por completar 75 anos.

O que prevê o plano do governo federal?

O eixo "Integração institucional e informacional", inclui criar um Centro Nacional de Enfrentamento das Organizações Criminosas, que funcionará em Brasília para integrar as redes de informações produzidas pelas autoridades locais e federais. A ideia é melhorar o compartilhamento de informação entre as esferas de atuação, para aumentar a efetividade das operações policiais.

A medida se articula com o eixo "cooperação entre os entes" que prevê melhorar o diálogo entre municípios, Estados, União, e também a cooperação internacional. No âmbito local, por exemplo, a cooperação visa a acelerar a obtenção de materiais (como imagens de câmeras de segurança) que auxiliem investigações ou fiscalizações.

No eixo da eficiência dos órgãos policiais, o Enfoc quer aumentar a capacidade das polícias e das corregedorias, com o objetivo de monitorar a ação policial e coibir a captura de agentes de segurança pelo crime organizado.

Monitorar portos será outro foco. A avaliação é de que os terminais marítimos ainda têm fiscalização deficiente.

O Porto de Santos, por exemplo, é um dos principais canais de escoamento de drogas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para o exterior. Há negociação com o Ministério de Portos e Aeroportos para definir medidas. O governo pretende usar equipamentos de alta tecnologia para detectar drogas nas cargas.

O governo quer ainda propor a cooperação entre Judiciário e Ministério Público para melhorar a punição dos criminosos e as investigações das facções. Inclui ainda proposta de alterar a legislação penal por meio do Congresso para evitar "brechas" que levem à impunidade das organizações.

Outra meta é melhorar as unidades de recuperação de ativos das Polícias Civis que atuam na apreensão de bens dos bandidos, como aviões e veículos, uma estratégia para desidratar o poder econômico da criminalidade e identificar canais de lavagem de dinheiro. A desidratação financeira das facções também era uma das bandeiras de Sérgio Moro à frente da pasta da Justiça e Segurança - hoje ele é senador (Pode-PR).

Bahia vive crise e vê letalidade policial em alta

Quatro homens morreram em operação policial em Santo Amaro da Purificação, a 94 quilômetros de Salvador, na noite da sexta-feira, 29. Segundo a Polícia Militar da Bahia, eles foram baleados após trocarem tiros com policiais, que revidaram.

O Estado tem visto uma escalada de confrontos com facções criminosas e óbitos em ações das forças de segurança - a PM baiana mata mais do que a polícia do Rio, historicamente conhecida por sua alta letalidade.

Segundo balanço do Instituto Fogo Cruzado, até a quinta-feira, 28, haviam sido 68 mortos em operações policiais em Salvador e na região metropolitana neste mês. Em agosto, haviam sido 61. Nesta semana, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) afirmou que o Estado tem sido firme na tentativa de "barrar o processo" de violência e disse que não determinou, em nenhum momento, que os PMs "trouxessem corpos".
mateus.omena

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