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Meirelles diz que é prematuro falar em candidatura para 2018

O ministro da Fazenda declarou que a discussão de possíveis ou potenciais candidaturas hoje "desvia o foco de atenção"

Henrique Meirelles: "A discussão de possíveis ou potenciais candidaturas hoje desvia o foco de atenção" (Ruben Sprich/Reuters/Reuters)

Henrique Meirelles: "A discussão de possíveis ou potenciais candidaturas hoje desvia o foco de atenção" (Ruben Sprich/Reuters/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de julho de 2017 às 17h48.

Mendoza - Em entrevista publicada nesta quinta-feira, 20, no jornal argentino La Nación, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, diz que é prematuro falar numa candidatura dele para as eleições presidenciais do ano que vem, afirma acreditar que o presidente Michel Temer vai sobreviver à denúncia de corrupção passiva e diz ainda que as reformas da Previdência e tributária serão aprovadas ainda este ano.

Ao ser questionado se considerava a hipótese de se candidatar a presidente, Meirelles afirmou que "é prematuro falar sobre isso hoje, faltando um longo tempo".

"A discussão de possíveis ou potenciais candidaturas hoje desvia o foco de atenção; agora é essencial trabalhar para o Brasil novamente crescer e consolidar o crescimento a partir de 2018", disse.

O ministro afirmou ainda que, mesmo com a denúncia contra Temer, ele não trabalha com a hipótese de uma mudança de presidente.

"Eu acho que o presidente Temer vai permanecer no cargo e minha equipe está trabalhando normalmente, muito focada em questões econômicas", disse ao jornal argentino por telefone.

Meirelles afirmou que a economia brasileira está "em um caminho de recuperação sólida" e que o efeito prático das incertezas políticas sobre a economia "não é relevante".

"O enfraquecimento da atividade econômica no segundo trimestre em comparação com o primeiro foi antes da eclosão da crise. Nosso crescimento do PIB previsto para este ano permanece em 0,5%, e mais importante que isso é a previsão de crescimento do final do ano passado em comparação com o final deste ano, cerca de 2%", disse.

"Mercados reagiram com um monte de estabilidade a esta crise política, mesmo o real se valorizou em sua taxa de câmbio face às principais moedas, a taxa de juros continua a diminuir. A economia parece ter desapegado da crise política", completou.

Reformas

Ao ser indagado sobre a capacidade de o governo conseguir implementar as reformas da Previdência e tributária, Meirelles afirmou que a reforma trabalhista, já aprovada, foi um grande evento que gerou otimismo.

O ministro disse ainda que as mudanças na legislação previdenciária e tributária são de longo prazo e não estão ligadas apenas ao governo, ou a um partido.

"A reforma da Previdência é uma necessidade para o ajuste fiscal do País para garantir o crescimento econômico", disse.

"Estou confiante de que as reformas serão votados e aprovadas ainda este ano."

O ministro destacou ainda que, além da reforma da Previdência, há outras medidas que serão tomadas para garantir o equilíbrio orçamental nos próximos anos.

"Há outras reformas microeconômicas destinadas a ter um aumento da taxa de crescimento potencial do país: mudanças na lei de recuperação judicial, uma mudança no mercado de crédito, redução da burocracia, simplificando os impostos", disse.

Mercosul

Amanhã, o ministro assinará um acordo bilateral com ministros argentinos sobre bitributação.

O tema está sendo discutido hoje em reunião preliminares dos ministros da Fazenda, mas sem a participação de Meirelles, que está no Brasil e é representado pelo secretário de Assuntos Internacionais da Fazenda, Marcello Estevão.

Ao ser questionado sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia e se era melhor que antes se chegasse a um acordo com a Aliança do Pacífico, o ministro destacou na entrevista que "em termos teóricos e genéricos, acordos comerciais são muito positivos, e certamente será o Mercosul-UE".

"Mas tudo tem que ser negociado prontamente; deve haver concessões mútuas para ambos os lados para se beneficiar", disse.

Meirelles afirmou ainda que vai depender dos termos do acordo, mas certamente ele será positivo para o Brasil. "E eu não acho que é necessário para assinar um acordo com a Aliança do Pacífico antes", completou.

Meirelles chegará a Mendoza na comitiva de Temer. A chegada está prevista para essa noite por volta das 21 horas e o retorno marcado para amanhã, as 15h45.

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