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Marun: só fatos graves e novos podem gerar denúncia contra Temer

O vice-líder do governo na Câmara afirmou que a prioridade agora é a retomada das articulações para a votação das reformas

Carlos Marun: "Tenho a mais absoluta convicção de que ela (denúncia) será derrotada" (Agência Brasil/Agência Brasil)

Carlos Marun: "Tenho a mais absoluta convicção de que ela (denúncia) será derrotada" (Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de junho de 2017 às 17h32.

Brasília - Vice-líder do PMDB na Câmara, o deputado Carlos Marun (MS) negou nesta quarta-feira, 14, que tenha tratado com o presidente Michel Temer da denúncia que a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve encaminhar nos próximos dias.

Segundo Marun, a relatoria da denúncia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) não foi discutida na reunião de Temer com deputados mais cedo e o assunto só será debatido quando o pedido for formalizado.

"Tenho a mais absoluta convicção de que ela (denúncia) será derrotada. Salvo surgimento de fatos realmente graves e novos, não vejo se estabelecer uma denúncia forte contra o presidente da República", disse.

Em entrevista no Salão Verde da Câmara, Marun disse que a base governista não pode "se dar ao luxo" de ficar "inerte" esperando a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e que o país precisa de estabilidade.

O vice-líder afirmou que a prioridade é a retomada das articulações para a votação das reformas da Previdência, Política e Tributária, principalmente após a decisão do PSDB de manter-se na base aliada.

"Eu nos vejo hoje mais fortes do que quando começou essa crise", declarou.

De acordo com Marun, antes da delação premiada dos executivos da JBS, o governo contabilizava aproximadamente 260 dos 308 votos necessários para aprovar a reforma previdenciária.

O Palácio do Planalto ainda não tem os votos necessários, admitiu Marun, mas o ambiente estaria em processo de "reconstrução".

"Realmente perdemos tempo, mas penso que ganhamos votos (com os tucanos). É o momento de retomar a busca de votos para que possamos, ainda antes do recesso, votar aqui na Câmara", afirmou.

O parlamentar destacou que a reforma da Previdência só será votada na Câmara após a aprovação no Senado da Reforma Trabalhista.

Marun insistiu que a Casa não pode se pautar por uma eventual denúncia de Janot.

"Até chegar a denúncia, ela não existe. Em chegando, nós rapidamente vamos analisá-la e tenho a mais absoluta certeza que não estarão ali presentes provas suficientes para recomendar o afastamento do presidente da República", disse.

Obstrução

O líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), avisou que a oposição manterá a obstrução na Casa e que a prioridade será a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das Eleições Diretas na CCJ.

"Vamos fazer de tudo para que não tenha votação no plenário", afirmou.

Zarattini disse que não há clima para aprovação de reformas, lembrou que o governo já não tinha votos para aprovar a Previdência e que, nos próximos dias, a Casa deve ficar esvaziada por causa das festas juninas no Nordeste.

"Elas (reformas) vão ter de ser postergadas", prevê. A única exceção, ponderou o líder do PT, é a aprovação da Reforma Política, que precisa ser votada até setembro para valer para o pleito de 2018.

O petista espera que Janot encaminhe na próxima semana a denúncia contra Temer, o que vai contribuir para a paralisação dos trabalhos devido à gravidade das delações.

Ele prevê instabilidade na Casa, principalmente entre os governistas, que passam por pressão da base eleitoral.

"Isso sem dúvida nenhuma vai criar um grande debate na Casa e que vai levar a uma mudança de governo. Não é possível que um presidente da República, que cometeu um crime de corrupção na residência oficial do governo, possa continuar governando", completou.

 

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