Brasil

Casa de parto no Rio registra 2 mil nascimentos em 8 anos

A Casa de Parto David Capistrano Filho faz o pré-natal e o parto de grávidas consideradas de baixo risco

Casa de Parto David Capistrano Filho: no local, o parto é feito por enfermeiras especializadas em obstetrícia, sem a presença de médicos (Camila Maciel/Abr)

Casa de Parto David Capistrano Filho: no local, o parto é feito por enfermeiras especializadas em obstetrícia, sem a presença de médicos (Camila Maciel/Abr)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2012 às 10h47.

Rio de Janeiro - Pela segunda vez em menos de um ano, a dona de casa Valéria Ferreira Pinto, 43 anos, participa da apresentação da Casa de Parto David Capistrano Filho a gestantes e acompanhantes.

Vinculada à rede municipal de saúde, a unidade, localizada em Realengo, zona norte da cidade do Rio, faz o pré-natal e o parto de grávidas consideradas de baixo risco, aquelas que nunca passaram por uma cesárea e não têm doenças como hipertensão e diabetes, que podem gerar complicações.

O atendimento cuidadoso e a tranquilidade do ambiente fizeram com que Valéria incentivasse a filha mais nova, Raquel Ferreira, 16 anos, a conhecer a casa.

A jovem ficou grávida um pouco depois da irmã mais velha, Aline Ferreira, 21 anos, que também foi à casa de parto acompanhada da mãe. Elas souberam da existência da unidade por recomendação de vizinhos.

No local, o parto é feito por enfermeiras especializadas em obstetrícia, sem a presença de médicos. “O meu primeiro questionamento era a falta de médicos. Mas, nas oficinas, a diretora explicou claramente que o parto sem complicações pode ser feito aqui, por enfermeira”, lembra Valéria.

A filha mais velha, Aline, conta que as informações dadas pelas funcionárias durante as oficinas sobre gestação saudável e parto natural a deixaram mais segura. “Tudo isso passa tranquilidade e confiança para a família e a gestante.”

A apresentação faz parte de uma série de oficinas obrigatórias para quem escolhe a casa como local de pré-natal e parto. No encontro, a diretora Leila Azevedo explica a importância do acompanhamento para identificar riscos na gravidez, o que impede a grávida de ser atendida na unidade. Também apresenta as opções para o parto natural (como de cócoras e na banheira), além de cuidados oferecidos à parturiente como massagens e exercícios.


Desde a criação da casa, há oito anos, 2 mil bebês nasceram sem registro de morte materna. O resultado reflete o cumprimento dos rígidos protocolos de atendimento, avalia a superintendente de Maternidades e Hospitais Pediátricos da Secretaria Municipal de Saúde, Maria Auxiliadora Gomes. Quando são identificadas complicações e as gestantes precisam de tratamentos à base de remédios – como uma infecção urinária, por exemplo –, elas são levadas a um médico.

“Na casa, um parto não começa no final da gravidez, começa antes”, diz a superintendente. “A segurança se baseia em uma criteriosa e constante avaliação da gestante. Se há algum indício de que algo possa exigir maior complexidade, de que algo possa não ir bem, ela vai terminar o pré-natal em outra unidade. Se for na hora [de o bebê nascer], vai de ambulância [para um hospital]”, reforçou.

Embora questionada por médicos, a Casa de Parto David Capistrano Filho ganhou “fama” e passou a ser conhecida principalmente pela divulgação “boca a boca”. A maioria das mulheres que procuram o local – único estabelecimento do tipo no Rio – é do próprio bairro. A unidade foi instalada em Realengo por causa da concentração de mulheres em idade fértil. Mas hoje, é procurada por gestantes de várias classes sociais e de bairros como Jacarepaguá e Recreio, que viajam pelo menos uma hora até chegar ao local.

Para as irmãs Keila Fernandes, 23 anos, que está grávida, e Kelly Cristina da Silva, 21, que teve o bebê na casa de parto, o acolhimento e o carinho na unidade são o diferencial. “Eles ligam quando o exame dá alteração, têm as oficinas. Não é como no posto, medir a barriga, perguntar se você está bem, e pronto, acabou”, contou Keila que mora no bairro de Anchieta, próximo a Realengo.

Para emergências durante o parto normal, uma ambulância está à disposição 24 horas. Nesses casos, as grávidas são levadas para o Hospital Maternidade Alexander Fleming, a oito minutos do local.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasGravidezMetrópoles globaisMulheresRio de JaneiroSaúde no Brasil

Mais de Brasil

Após jovem baleada, Lewandowski quer acelerar regulamentação sobre uso da força por policiais

Governadores avaliam ir ao STF contra decreto de uso de força policial

Queda de ponte: dois corpos são encontrados no Rio Tocantins após início de buscas subaquáticas

Chuvas intensas atingem Sudeste e Centro-Norte do país nesta quinta; veja previsão do tempo