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Não é o momento de avaliar processo de impeachment, diz Maia

Presidente da Câmara disse também que caso Queiroz não impacta na análise de processos de impeachment pois aconteceu antes do mandato presidencial

Rodrigo Maia: presidente da Câmara não pretende aceitar pedidos de impeachment contra Bolsonaro (Adriano Machado/Reuters)

Rodrigo Maia: presidente da Câmara não pretende aceitar pedidos de impeachment contra Bolsonaro (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de agosto de 2020 às 09h36.

Última atualização em 24 de agosto de 2020 às 11h05.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda-feira que não é o momento de tratar de um eventual processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista à rádio Guaíba, de Porto Alegre, Maia disse que o momento é de focar esforços no combate à pandemia.

"Acho que não é o momento de avaliar um processo de impeachment. Estamos vivendo uma pandemia", disse. "Prefiro focar a pauta da Câmara nesses assuntos. Não acho que o impeachement é um instrumento usado a qualquer momento."

Há na Câmara 48 processos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro que precisariam do aval de Maia para começarem a ser avaliados.

Na entrevista, Maia disse ainda que as relações entre o presidente e Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, e eventuais desvios de recursos que são investigados pelo Ministério Público, não têm relação com o impeachment porque são anteriores ao mandato presidencial.

Maia também comentou o episódio do domingo, 23, quando Bolsonaro disse ter “vontade de encher de porrada” um jornalista do jornal O Globo. Na ocasião, o presidente foi questionado pelo jornalista sobre repasses de 89.000 reais feitos por Fabrício Queiroz à primeira-dama Michelle Bolsonaro.

“Vontade de encher tua boca de porrada”, respondeu Bolsonaro ao repórter. Jornalistas que acompanhavam a visita questionaram se a declaração era uma ameaça, mas o chefe do Executivo não respondeu mais.

Maia falou sobre as mensagens que circulam na internet nesta segunda-feira, 24, repetindo a pergunta feita pelo jornalista e pedindo que Bolsonaro a responda e que a Câmara analise os processos de impeachment contra o presidente. "Eu acho que a sociedade tem direito de se manifestar, de pressionar, de se comunicar com os políticos", disse Maia.

Mas o presidente da Câmara afirmou que "apesar de toda a perplexidade" envolvendo o caso, "nesse caso específico, desculpa, não tem nenhuma relação o caso específico de ontem" com "nenhum processo de impeachment."

Sobre a resposta de Bolsonaro ao jornalista, Maia disse que "não cabe uma reação desproporcional como a do presidente ontem". "Uma frase com esse impacto vinda do presidente do Brasil, a figura mais importante da política brasileira, ela certamente gera um impacto muito negativo internamente e externamente", disse.

Maia voltou a dizer, como já tinha escrito mais cedo no Twitter, que as últimas semanas foram "muito positivas" para o Brasil e para o governo, com Bolsonaro se esquivando de declarações ofensivas, e que "seria bom se a gente mantivesse o mesmo caminho".

Reeleição

Sobre sua reeleição à presidência da Câmara, Maia disse que não pretende buscar novo mandato e que uma tentativa nesse sentido poderia atrapalhar a agenda de reformas no país.

O presidente da Câmara afirmou que a Constituição inviabiliza qualquer tentativa sua de reeleição, apesar de entender os movimentos que estão sendo feitos pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) para tentar garantir mais um mandato.

"Se eu quero tentar avançar nas reformas, eu introduzir meu nome na eleição, eu mais atrapalho que ajudo", afirmou, acrescentando que vai trabalhar para eleger um presidente da Casa que continue trabalhando para ajudar na aprovação das reformas --especialmente tributária e administrativa-- e na aproximação do Parlamento com a sociedade.

Maia disse ainda que vê espaço para avançar na agenda de reformas tributária e administrativa ainda este ano, mas que a agenda de privatizações deve ficar para 2021. O presidente da Câmara afirmou que não adianta o governo gerar uma receita financeira extra antes de reorganizar sua própria estrutura.

Ele criticou ainda a ideia da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, de tentar incluir a nova CPMF na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que regulamenta o teto de gastos. "É meio complicado o governo tentar criar um imposto sem ser em uma PEC enviada pelo próprio governo", disse.

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