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Maduro afirma que Edmundo González 'pediu clemência' para deixar a Venezuela

Na véspera, candidato opositor disse ter assinado carta reconhecendo vitória do presidente sob 'coação, chantagem e pressão'

Agência o Globo
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Publicado em 20 de setembro de 2024 às 07h09.

Última atualização em 20 de setembro de 2024 às 07h12.

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que o candidato da oposição à Presidência, Edmundo González Urrutia, “pediu clemência” para poder sair do país rumo à Espanha, onde recebeu asilo político. Um dia antes dos comentários, González disse ter assinado uma carta reconhecendo a derrota na votação do dia 28 de julho, pouco antes de deixar o país,mas pontuou que o fez mediante “coação, chantagem e pressão”.

"No final das contas, fico triste que você, senhor González Urrutia, que me pediu clemência, não tenha palavra para o que se comprometeu, e alegue sua própria falta de jeito e sua própria covardia para tentar salvar o que eu não sei", disse Maduro, ao se referir à fala do diplomata. "Sinto vergonha alheia pelo "pataruco" (galo que não serve para a rinha), no final se mostrou um "pataruco" (...) Ninguém pode alegar sua própria inépcia em defesa própria. González Urrutia, ninguém pode alegar sua própria covardia e sua própria traição a seus seguidores em defesa própria".

Desde a chegada de González à Espanha, nem ele, nem as autoridades em Madri ou Caracas tinham revelado os detalhes que envolveram a viagem. Mas na quarta-feira, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodriguez, divulgou um documento assinado pelo ex-diplomata, no qual ele reconhece “as decisões adotadas pelos órgãos de justiça no marco da Constituição, incluindo a sentença da Sala Eleitoral”, ou seja, a vitória de Maduro. O texto continua: “Embora não concorde, eu acato”.

No mesmo dia, o candidato de oposição afirmou que a assinatura ocorreu sob “coação, chantagem e pressões”.

"Ou eu assinava, ou sofria as consequências", explicou González Urrutia sobre o documento que, segundo ele, foi levado por dois dirigentes próximos a Maduro até a embaixada espanhola em Caracas, onde ele estava refugiado. — [Isso resultou em] horas muito tensas de coação, chantagem e pressões.

O Ministério das Relações Exteriores da Espanha negou ter tido conhecimento sobre a carta, rejeitando um suposto conluio com o regime de Caracas para garantir o salvo-conduto para González, que tem contra si um mandado de prisão. O ex-diplomata não comentou a fala de Maduro, e o presidente não detalhou o que teria sido o tal pedido de clemência citado no discurso.

A oposição venezuelana rejeita os resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que considerou Nicolás Maduro o vencedor da eleição presidencial do dia 28 de julho. Os oposicionistas, liderados por María Corina Machado, impedida de concorrer por 15 anos, foram às ruas pressionar as autoridades pela liberação das atas das seções eleitorais, documentos que, segundo ela, comprovariam a vitória de Edmundo González.

O que se seguiu foi uma onda de repressão, com centenas de prisões, especialmente de aliados de María Corina, o que provocou críticas vindas do exterior, em meio a tentativas infrutíferas de uma solução negociada. Nesta quinta-feira, o Parlamento Europeu se juntou a uma série de países e reconheceu, em decisão não-vinculante, González como o presidente eleito da Venezuela.

"Agradeço aos representantes do Parlamento Europeu pela discussão que decidiram trazer nesta Câmara sobre a grave situação que atravessa a Venezuela. Os venezuelanos querem o mesmo que os europeus conseguiram alcançar atualmente: viver em liberdade e democracia sob um Estado de direito", afirmou González em um vídeo divulgado na rede social X minutos após a aprovação.

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