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Lula recebeu propina em dinheiro vivo, diz Marcelo Odebrecht

Segundo reportagem da revista Isto é, presidente da empreiteira disse em delação na Lava Jato que teria feito repasses de dinheiro em espécie ao petista

Lula: ex-presidente teria recebido propina em dinheiro em espécie, segundo delação de Marcelo Odebrecht (Paulo Whitaker/Reuters/Reuters)

Lula: ex-presidente teria recebido propina em dinheiro em espécie, segundo delação de Marcelo Odebrecht (Paulo Whitaker/Reuters/Reuters)

Bárbara Ferreira Santos

Bárbara Ferreira Santos

Publicado em 11 de novembro de 2016 às 12h55.

Última atualização em 11 de novembro de 2016 às 16h00.

São Paulo — Reportagem da revista Isto É que será publicada neste sábado aponta que, em delação premiada na Operação Lava Jato, o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, afirmou que o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva teria recebido propina da empreiteira em dinheiro vivo.

Segundo a publicação, os repasses teriam ocorrido quando Lula não era mais presidente, com maior fluxo entre 2012 e 2013.

"Foram milhões de reais originários do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht - o já conhecido departamento de propina da empresa", diz trecho da matéria.

Relatório da Polícia Federal divulgado no dia 24 de outubro afirmou que Lula teria recebido R$ 8 milhões da empreiteira por suposta participação em esquemas de corrupção. Segundo a reportagem da Isto É, o valor repassado à Lula em espécie teria vindo desse montante.

A revista também afirma que, na delação, Marcelo Odebrecht explica que após sua prisão, em 2015, a empreiteira teria acionado um "esquema interno de emergência" chamado de "Operação Panamá".

Essa estratégia consistia em promover uma varredura nos computadores, identificar os arquivos mais sensíveis e enviá-los para a filial da empresa no país caribenho. "O objetivo era desaparecer com digitais e quaisquer informações capazes de comprovar transferências de recursos da empreiteira ao ex-presidente Lula", diz a Isto É.

De acordo com a publicação, Marcelo Odebrecht teria deixado de "resistir a entregar o petista" porque a empreiteira "mudou de planos premida pelo instinto de sobrevivência".

Após essa delação, os investigadores da Lava Jato devem apurar se o suposto pagamento a Lula teria ligação com a operação desencadeada na última semana pela PF, a Operação Dragão.

Segundo o Ministério Público Federal, os operadores financeiros Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran foram acusados de oferecer dinheiro em espécie para o sistema de corrupção e lavar mais de R$ 50 milhões para empresas investigadas na Lava Jato.

Outras citações a Lula

Entre as delações de executivos da Odebrecht, Lula é citado ainda por Emílio Odebrecht, Alexandrino Alencar, ex-executivo da empresa, e o diretor de América Larina e Angola, Luiz Antônio Mameri, como informa a Isto É.

A revista diz que nos depoimentos há relatos de trocas de mensagens entre Mameri e Marcelo Odebrecht com referências da participação de Lula para aprovação de projetos da empreiteira no BNDES.

Mameri teria confirmado que as influências de Lula e do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci teriam sido decisivas para a aprovação de projetos sem nenhum tipo de checagem. Além das obras em Angola, Mameri teria citado construções em Cuba.

Mais nomes na delação da Odebrecht

Segundo a reportagem da Isto é, além de Lula, os depoimentos de Marcelo Odebrecht devem envolver ainda Dilma Rousseff (PT), integrantes do governo de Michel Temer (PMDB), mais de 100 parlamentares e 20 governadores e ex-governadores. Os principais partidos citados serão PT, PMDB e PSDB.

Michel Temer  foi citado ainda na delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que revelou uma suposta operação de captação de recursos ilícitos, envolvendo Temer e o senador Valdir Raupp (PMDB-RR), para abastecer, em 2012, a campanha do então candidato Gabriel Chalita (PMDB) para a Prefeitura de São Paulo. Machado cita em sua delação mais de 20 políticos, entre eles José Sarney (PMDB), Renan Calheiros (PMDB) e Aécio Neves (PSDB).

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