Lula pediu contratação de empresa de sobrinho, diz Odebrecht
Segundo Marcelo Odebrecht, empreiteira contratou empresa de Taiguara Rodrigues para obra de Angola financiada pelo BNDES
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de abril de 2017 às 09h29.
O empresário Marcelo Odebrecht afirmou, em delação premiada à Lava Jato, que a Odebrecht contratou, no âmbito de obras no em Angola financiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a empresa do sobrinho de Lula , Taiguara Rodrigues, a pedido do ex-presidente.
De acordo com o ex-presidente do grupo, o parente do petista criou a Exergia sem ter experiência na área de construção e somente para fazer uso da influência de Lula.
Além do depoimento de Marcelo Odebrecht, a deleção de executivos da empresa - Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, Antônio Carlos Dahia Blando e Ernesto Sá Vieira Balardi - embasou petição do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, ao ministro relator da Operação Lava Jato.
O Ministério Público Federal pediu para que o caso fosse encaminhado à Justiça Federal e à procuradoria da República no Paraná.
O ex-presidente Lula já é réu em processo, acusado de intermediar contratos para a empresa do sobrinho com a Odebrecht em obras realizadas em Angola, com financiamento do BNDES.
Taiguara Rodrigues criou a empresa Exergia em 2009 e chegou a receber R$ 20 milhões, entre o ano de fundação da empresa e 2015.
Além de ser acusado de intermediar os contratos para o sobrinho, Lula também foi denunciado por atuar junto ao BNDES para a liberação dos financiamentos das obras em Angola. O caso está sob julgamento do juiz Vallisney de Souza Oliveira 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília.
'Serviços'
"Segundo o Ministério Público, os colaboradores relatam que o Grupo Odebrecht, entre os anos de 2011 a 2014, teria contratado a empresa Exergia, de propriedade Taiguara Rodrigues (sobrinho do ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva), objetivando prestação de serviços em Angola. Esclarecem, nesse contexto, que a referida contratação constituiria atendimento a pedido formulado pelo próprio ex-Presidente, acrescentando que a empresa Exergia não detinha experiência no ramo de construção e seria constituída por Taiguara Rodrigues tão somente para fazer uso da influência do ex-presidente da República.", afirma Fachin.
Acolhendo pedido da Procuradoria-Geral da República, o ministro relator da Operação Lava Jato no Supremo deferiu o pedido da PGR para encaminhar as delações à Seção Judiciária do Paraná e à Procuradoria da República do Paraná. "Toda investigação deverá ser mantida em sigilo até 3 de maio de 2017", determinou Fachin.
Defesa
O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, afirmou nesta quarta-feira, por meio de nota, que os delatores fazem "acusações frívolas, pela ausência total de qualquer materialidade". "O que há são falas, suposições e ilações - e nenhuma prova. As fantasiosas condutas a ele atribuídas não configuram crime", disse o defensor do ex-presidente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.