Lula confirma ter perguntado a Duque sobre contas no exterior
A fala do ex-presidente ratifica depoimento prestado na sexta-feira passada por Duque, no qual ele relatou ter tido esse encontro com Lula
Reuters
Publicado em 10 de maio de 2017 às 23h13.
Em depoimento ao juiz Sérgio Moro em processo no qual é réu, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou ter tido uma reunião com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque em 2014, quando a operação Lava Jato já estava em curso, no qual perguntou a ele se mantinha uma conta no exterior.
A fala do ex-presidente ratifica depoimento prestado na sexta-feira passada por Duque, no qual ele relatou ter tido esse encontro com Lula para falar sobre suspeita de contas no exterior.
O encontro com Duque, segundo Lula, foi intermediado pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari. O ex-diretor, contudo, negou a Lula manter conta fora do país na ocasião.
"Eu disse que tinha muito boato de que tava sendo roubado dinheiro, que o Duque tinha conta no exterior. E eu falei para o Vaccari, se tu conhece o Duque eu gostaria de falar com ele. Duque é o seguinte: você tem conta no exterior? Não tenho, acabou. Para mim era o que interessava", disse Lula a Moro.
O juiz perguntou a Lula porque procurou especificamente Duque e não outros diretores da estatal.
"Porque o Duque tinha sido indicado pela bancada do PT. Como eu disse no começo, o PT indicou o Duque. Então eu fiquei muito p... da vida, muito p..., e falei e ele disse que não. Se ele disse que não, ele não mentiu para mim, ele mentiu para a consciência dele", respondeu Lula.
No depoimento da semana passada, Duque disse que Lula tinha "pleno conhecimento" e "comando" do esquema de corrupção dentro da estatal.
Na versão de Duque, condenado na Lava Jato que destacou estar disposto a firmar um acordo de delação premiada, Lula disse-lhe que ele não poderia manter uma conta no exterior com recursos provenientes do esquema de corrupção da Petrobras.
Nesta quarta-feira, Lula negou que soubesse do esquema de corrupção da estatal.
"Se em algum momento um dos 204 milhões de brasileiros dissesse que havia um esquema de corrupção, toda a diretoria seria mandada embora", disse.