Líder do governo na Câmara justifica ausência de Lula em reunião com PSB: 'Não é tarefa dele'
Guimarães ainda chamou de “narrativa fantasiosa” as informações que circularam na semana passada vindas do próprio governo de que Lula entraria na articulação política
Agência de notícias
Publicado em 10 de maio de 2023 às 11h43.
O líder do governo na Câmara dos Deputados , José Guimarães (PT-CE), justificou nesta quarta-feira a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na primeira reunião da rodada que o governo fará com líderes de partidos da base no Congresso. Segundo o deputado, não é atribuição do chefe do Palácio do Planalto a articulação política, função exercida pelo ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) é acertada.
— Não é tarefa dele (Lula participar da articulação). Quem articula é o ministro Padilha. Corretamente ele disse quem articula é o (ministro) Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) com seus líderes — afirmou Guimaraes ao chegar para o encontro com ministros e parlamentares do PSB. A reunião ocorre na Vice-Presidência, ocupada por Geraldo Alckmin, que é filiado ao partido.
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Guimarães ainda chamou de “narrativa fantasiosa” as informações que circularam na semana passada vindas do próprio governo de que Lula entraria na articulação política.
— Essa narrativa fantasiosa que foi criada não se realizou, porque nunca foi tarefa do presidente da República fazer articulação política. Ele tem quem faça, que é o ministro Padilha. Quem tem que articular é o ministro Padilha.
O governo, no entanto, enfrenta uma crise na articulação política e o ministro Padilha chegou a ser criticado publicamente pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Em entrevista ao GLOBO, o parlamentar afirmou que o ministro é "sujeito fino e educado, mas que tem tido dificuldades". Padilha rebateu e afirmou que “não é marinheiro de primeira viagem”.
O Planalto vem de semanas de derrotas no Congresso. Foram, por exemplo, criadas quatros comissões parlamentares de inquérito (CPIs). Uma delas, a CPI do 8 de Janeiro, é conjunta na Câmara e no Senado. As outras três são da Câmara. Entre elas, a CPI do MST, que pode causar desgaste ao governo.
Além disso, a Câmara derrubou trechos do decreto do saneamento, episódio que o próprio Padilha chamou de “derrota importante”. Ele afirmou ainda que ocorreu um problema de diálogo para esclarecer pontos do texto.
Para tentar evitar o mesmo erro, houve uma determinação para intensificar as conversas com o Senado para defender a reinclusão dos pontos.
Lula também determinou que sejam feitas conversas com partidos que comandam ministérios para cobrar fidelidade da base. A primeira reunião acontece nesta quarta-feira, com o PSB, legenda que tem três ministros no governo:
Flávio Dino — Justiça e Segurança Publica
Márcio França — Portos e Aeroportos
Geraldo Alckmin — Industria, Desenvolvimento e Comércio, além da vice presidência
Como o GLOBO mostrou, Lula tem deixado em segundo plano conversas com lideranças partidárias e personagens do mundo empresarial, setores com os quais mantinha contatos permanentes durante seus outros dois mandatos.
Para antigos aliados, na prática, o petista está mais distante da política, e isso se reflete nas dificuldades que o governo está encontrando para arregimentar uma base sólida no Congresso Nacional