Renato Duque em depoimento a Moro em 2017 (Justiça Federal do Parana/Reprodução)
Talita Abrantes
Publicado em 30 de abril de 2018 às 15h39.
Última atualização em 30 de abril de 2018 às 15h47.
São Paulo – Renato Duque, ex-diretor da área de Serviços da Petrobras, deve ser o próximo na lista de investigados a fechar um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato.
Segundo informações do jornal O Globo, as negociações com Duque, que está preso desde 2014, teriam avançado depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) tirou as mãos do juiz Sérgio Moro os trechos das delações da Odebrecht dos processos referentes ao sítio de Atibaia e à compra de um terreno para o Instituto Lula — a suspeita é de que os imóveis seria parte de pagamento de propina ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com a publicação, Duque já estaria colaborando com investigações sobre crimes cometidos na Itália em troca de imunidade perante a Justiça italiana. Os depoimentos teriam sido feitos no começo de março.
O ex-diretor da estatal também já devolveu 20 milhões de euros, que tinham sido depositados como pagamento de propina em duas contas no Banco Julius Bär de Mônaco. Os valores serão restituídos aos cofres da Petrobras.
Duque é apontado como o principal operador do PT no esquema. No ano passado, ele já fez algumas colaborações pontuais com a força-tarefa em troca de benefícios judiciais. Em depoimento a Moro em maio passado, por exemplo, ele afirmou que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto teria sido escalado pelo ex-presidente Lula para cuidar dos interesses de empresas junto à Petrobras.
Na semana passada, a força-tarefa da Lava Jato confirmou que o acordo de delação premiada com o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci foi fechado. A expectativa é de que ele revele detalhes de supostos esquemas de corrupção dos quais participou durante os governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, entre 2003 e 2015.