Exame Logo

Lanterna que dá choque vira "moda" no Rio

Apesar de a lanterna não constar da portaria do Ministério da Defesa que regulamenta os armamentos não letais, os vendedores têm evitado expô-la e vendê-la

Os vendedores contam que a lanterna é muito procurada por clientes apavorados com a onda de assaltos que atinge avenidas movimentadas (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2015 às 10h04.

Rio de Janeiro - A semana de operações da Polícia Civil no camelódromo da Rua Uruguaiana, no centro do Rio , seguida da vistoria da Secretaria de Ordem Pública da prefeitura, tirou dos boxes uma mercadoria muito procurada pelos fregueses: a lanterna que dá choques elétricos, usada para afastar os assaltantes que atuam naquela região da cidade.

Apesar de a lanterna não constar da portaria do Ministério da Defesa que regulamenta os armamentos não letais, os vendedores, com medo dos fiscais, têm evitado expô-la e vendê-la.

Nos dois últimos dias, a lanterna foi encontrada pelo Estado em apenas quatro dos 1.584 boxes do camelódromo, mercado informal de produtos pirateados e tradicional ponto de receptação de telefones e joias roubados no Rio.

Há duas semanas, por ordem judicial, o camelódromo foi interditado pela Polícia Civil, que recolheu ao menos 3 toneladas de produtos cujos proprietários não apresentaram comprovantes fiscais.

Os vendedores contam que a lanterna é muito procurada por clientes apavorados com a onda de assaltos que atinge avenidas movimentadas, como a Rio Branco e a Presidente Vargas - a última fica próxima do camelódromo. Cada equipamento custa R$ 70 nas barracas.

"Isso aqui é o que mais sai", disse um vendedor, atribuindo a procura aos ladrões, que atacam em bandos, quase sempre com facões e armamentos semelhantes.

Emprego restrito

Há comerciantes que dizem ter deixado de vender o produto, mesmo com o lucro garantido, por considerar que é proibido por lei. Para eles, a lanterna que de choque tem uso restrito a policiais, guardas municipais e profissionais do setor de vigilância.

Apesar da ausência de dados sobre a intensidade da corrente elétrica emitida pela lanterna, cuja embalagem traz a frase "Made in China", comum a mercadorias do camelódromo, a lanterna não é proibida. A polícia diz que a única apreensão foi feita em 18 de junho.

"Encaminhei a lanterna para a perícia", disse a delegada Valéria Aragão, da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Material, responsável pela ação na Uruguaiana.

De acordo com ela, nenhum vendedor a procurou para perguntar sobre a possibilidade de comercializar a lanterna, chamada de Lantaser quando surgiu em São Paulo, em 2012.

O Exército informou que o Decreto 3.665 (de 2000) determina que controle e fiscalize as "armas de pressão que utilizam eletrodos energizados, pois este produto faz uso de gás comprimido para impulsionar o projétil". Os aparelhos de choque que não lançam esses eletrodos, como a lanterna, não são controlados. A Secretaria Municipal de Ordem Pública informou que nenhum material semelhante foi apreendido e que não regula sua venda.

Descarga elétrica

O manual de instruções não informa a amperagem (intensidade) da descarga elétrica, que determina a força do choque, afirma o médico Nabil Ghorayeb, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

"O que sabemos em relação a essas armas é que, teoricamente, não causariam danos. Mas, se a pessoa tiver arritmia cardíaca, ou se usa dispositivo como marca-passo, pode ter risco. Ela pode ter uma parada cardíaca, que, se não for recuperada, leva à morte", afirmou o cardiologista.

Segundo o engenheiro elétrico Sérgio Luiz Pereira, professor da PUC -SP, a tensão que consta no manual, 1 milhão de volts, é bem maior do que os 12 mil volts normalmente presentes em fios de alta tensão. "Quando os fios caem sobre um carro, o incendeiam." Para ele, a informação do manual pode estar errada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Veja também

Rio de Janeiro - A semana de operações da Polícia Civil no camelódromo da Rua Uruguaiana, no centro do Rio , seguida da vistoria da Secretaria de Ordem Pública da prefeitura, tirou dos boxes uma mercadoria muito procurada pelos fregueses: a lanterna que dá choques elétricos, usada para afastar os assaltantes que atuam naquela região da cidade.

Apesar de a lanterna não constar da portaria do Ministério da Defesa que regulamenta os armamentos não letais, os vendedores, com medo dos fiscais, têm evitado expô-la e vendê-la.

Nos dois últimos dias, a lanterna foi encontrada pelo Estado em apenas quatro dos 1.584 boxes do camelódromo, mercado informal de produtos pirateados e tradicional ponto de receptação de telefones e joias roubados no Rio.

Há duas semanas, por ordem judicial, o camelódromo foi interditado pela Polícia Civil, que recolheu ao menos 3 toneladas de produtos cujos proprietários não apresentaram comprovantes fiscais.

Os vendedores contam que a lanterna é muito procurada por clientes apavorados com a onda de assaltos que atinge avenidas movimentadas, como a Rio Branco e a Presidente Vargas - a última fica próxima do camelódromo. Cada equipamento custa R$ 70 nas barracas.

"Isso aqui é o que mais sai", disse um vendedor, atribuindo a procura aos ladrões, que atacam em bandos, quase sempre com facões e armamentos semelhantes.

Emprego restrito

Há comerciantes que dizem ter deixado de vender o produto, mesmo com o lucro garantido, por considerar que é proibido por lei. Para eles, a lanterna que de choque tem uso restrito a policiais, guardas municipais e profissionais do setor de vigilância.

Apesar da ausência de dados sobre a intensidade da corrente elétrica emitida pela lanterna, cuja embalagem traz a frase "Made in China", comum a mercadorias do camelódromo, a lanterna não é proibida. A polícia diz que a única apreensão foi feita em 18 de junho.

"Encaminhei a lanterna para a perícia", disse a delegada Valéria Aragão, da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Material, responsável pela ação na Uruguaiana.

De acordo com ela, nenhum vendedor a procurou para perguntar sobre a possibilidade de comercializar a lanterna, chamada de Lantaser quando surgiu em São Paulo, em 2012.

O Exército informou que o Decreto 3.665 (de 2000) determina que controle e fiscalize as "armas de pressão que utilizam eletrodos energizados, pois este produto faz uso de gás comprimido para impulsionar o projétil". Os aparelhos de choque que não lançam esses eletrodos, como a lanterna, não são controlados. A Secretaria Municipal de Ordem Pública informou que nenhum material semelhante foi apreendido e que não regula sua venda.

Descarga elétrica

O manual de instruções não informa a amperagem (intensidade) da descarga elétrica, que determina a força do choque, afirma o médico Nabil Ghorayeb, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

"O que sabemos em relação a essas armas é que, teoricamente, não causariam danos. Mas, se a pessoa tiver arritmia cardíaca, ou se usa dispositivo como marca-passo, pode ter risco. Ela pode ter uma parada cardíaca, que, se não for recuperada, leva à morte", afirmou o cardiologista.

Segundo o engenheiro elétrico Sérgio Luiz Pereira, professor da PUC -SP, a tensão que consta no manual, 1 milhão de volts, é bem maior do que os 12 mil volts normalmente presentes em fios de alta tensão. "Quando os fios caem sobre um carro, o incendeiam." Para ele, a informação do manual pode estar errada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasComércioMetrópoles globaisRio de Janeiro

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame