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Ladrão leva computador com estudo sobre zika

O equipamento armazenava dados inéditos de duas pesquisas sobre o vírus da zika, uma delas investigava os efeitos de uma droga contra o vírus

Aeroporto Santos Dumont: "Estava tudo completamente às escuras. O Santos Dumont virou zona franca de bandidos" (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2016 às 20h04.

Rio - O cientista Amílcar Tanuri, uma das principais referências brasileiras em pesquisas sobre vírus, teve um computador furtado no Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio.

O equipamento armazenava dados inéditos de duas pesquisas sobre o vírus da zika . Em uma delas, a que investiga os efeitos de uma droga contra o vírus, não há cópia das informações e os experimentos terão de ser repetidos.

Tanuri, chefe do Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), calcula que o prejuízo seja de US$ 5 mil, somente em insumos.

O furto aconteceu por volta das 21h de quarta-feira, 18. Tanuri chegava de Brasília e esperava um táxi no setor de embarque do aeroporto, quando o telefone celular tocou.

O laptop estava numa mala de mão, puxada por rodinhas. "Foi uma distração de 30 segundos. Enquanto atendi à ligação, soltei rapidamente a mala. Não cheguei a ver quem roubou. A moça atrás de mim disse que foram dois homens, que entraram em um carro rapidamente."

O virologista procurou o setor de segurança da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), que administra o aeroporto, mas foi avisado de que, como o setor de embarque está sem iluminação, as câmeras não captam a placa do veículo nem as imagens dos criminosos.

"Estava tudo completamente às escuras. O Santos Dumont virou zona franca de bandidos. É preciso que se faça uma intervenção imediata ali. É uma das portas de entrada da cidade, deveria estar bem guardado", afirmou o pesquisador.

Uma das pesquisas que estavam no computador trazia estudo de caso sobre duas crianças de Campina Grande (PB), que morreram em decorrência de más-formações provocadas pelo zika.

"O mais grave disso é que tinham dados confidenciais dos pacientes, fotografias, imagens das crianças. Isso ficou na mão de alguém", afirmou.

A perda da outra pesquisa tem impacto mais imediato. O trabalho trazia dados inéditos sobre o efeito da cloroquina em neurosferas humanas (estruturas celulares que reproduzem o cérebro humano) infectadas por zika.

O medicamento já é usado contra malária e tem indicação para grávidas. Os primeiros testes já haviam se mostrado promissores.

"Eu sei o resultado (da nova etapa de testes), mas não tenho o dado bruto. Vou precisar repetir a pesquisa. Isso foi o mais impactante desse roubo porque vou precisar de uma semana a dez dias para repetir o experimento. É um custo, e tem também a perda de tempo", disse. O trabalho seria publicado na revista científica americana Cell.

O computador também tinha trabalhos antigos de Tanuri, alguns deles com cópias de segurança; outros, não.

"Alguns trabalhos se perderam definitivamente, outros já comecei a baixar da `nuvem'", afirmou.

Tanuri acredita que a intenção dos criminosos não era levar sua pesquisa. "Aproveitaram a oportunidade", afirmou.

No fim de semana, a irmã do pesquisador havia feito um apelo pelas redes sociais para que o computador fosse devolvido, o que ainda não aconteceu.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, a Infraero informou que as imagens das câmeras de segurança só são verificadas se houver decisão judicial.

Sobre o fato de a aérea do desembarque estar às escuras, a estatal informou que só nesta terça, 24, se pronunciará.

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Rio - O cientista Amílcar Tanuri, uma das principais referências brasileiras em pesquisas sobre vírus, teve um computador furtado no Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio.

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Tanuri, chefe do Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), calcula que o prejuízo seja de US$ 5 mil, somente em insumos.

O furto aconteceu por volta das 21h de quarta-feira, 18. Tanuri chegava de Brasília e esperava um táxi no setor de embarque do aeroporto, quando o telefone celular tocou.

O laptop estava numa mala de mão, puxada por rodinhas. "Foi uma distração de 30 segundos. Enquanto atendi à ligação, soltei rapidamente a mala. Não cheguei a ver quem roubou. A moça atrás de mim disse que foram dois homens, que entraram em um carro rapidamente."

O virologista procurou o setor de segurança da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), que administra o aeroporto, mas foi avisado de que, como o setor de embarque está sem iluminação, as câmeras não captam a placa do veículo nem as imagens dos criminosos.

"Estava tudo completamente às escuras. O Santos Dumont virou zona franca de bandidos. É preciso que se faça uma intervenção imediata ali. É uma das portas de entrada da cidade, deveria estar bem guardado", afirmou o pesquisador.

Uma das pesquisas que estavam no computador trazia estudo de caso sobre duas crianças de Campina Grande (PB), que morreram em decorrência de más-formações provocadas pelo zika.

"O mais grave disso é que tinham dados confidenciais dos pacientes, fotografias, imagens das crianças. Isso ficou na mão de alguém", afirmou.

A perda da outra pesquisa tem impacto mais imediato. O trabalho trazia dados inéditos sobre o efeito da cloroquina em neurosferas humanas (estruturas celulares que reproduzem o cérebro humano) infectadas por zika.

O medicamento já é usado contra malária e tem indicação para grávidas. Os primeiros testes já haviam se mostrado promissores.

"Eu sei o resultado (da nova etapa de testes), mas não tenho o dado bruto. Vou precisar repetir a pesquisa. Isso foi o mais impactante desse roubo porque vou precisar de uma semana a dez dias para repetir o experimento. É um custo, e tem também a perda de tempo", disse. O trabalho seria publicado na revista científica americana Cell.

O computador também tinha trabalhos antigos de Tanuri, alguns deles com cópias de segurança; outros, não.

"Alguns trabalhos se perderam definitivamente, outros já comecei a baixar da `nuvem'", afirmou.

Tanuri acredita que a intenção dos criminosos não era levar sua pesquisa. "Aproveitaram a oportunidade", afirmou.

No fim de semana, a irmã do pesquisador havia feito um apelo pelas redes sociais para que o computador fosse devolvido, o que ainda não aconteceu.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, a Infraero informou que as imagens das câmeras de segurança só são verificadas se houver decisão judicial.

Sobre o fato de a aérea do desembarque estar às escuras, a estatal informou que só nesta terça, 24, se pronunciará.

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