Brasil

Judiciário e MP querem governar no lugar de todo mundo, diz Ciro Gomes

Para pré-candidato do PDT, há uma "invasão intolerável" entre os poderes no Brasil e que é preciso "colocar um fim" nesta prática

Ciro Gomes: "Hoje o Congresso Nacional é desmoralizado, o poder federal, desmoralizado, a autoridade política, desmoralizada" (Adriano Machado/Reuters)

Ciro Gomes: "Hoje o Congresso Nacional é desmoralizado, o poder federal, desmoralizado, a autoridade política, desmoralizada" (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de maio de 2018 às 18h06.

Última atualização em 22 de maio de 2018 às 18h07.

Brasília - O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, defendeu nesta terça-feira, 22, que há uma "invasão intolerável" entre os poderes no Brasil e que é preciso "colocar um fim" nesta prática.

Segundo ele, o Ministério Público e o Judiciário querem governar "no lugar de todo mundo" e é necessário "deslocar" o eixo do poder político no País para o controle dos políticos eleitos pelo povo.

"Hoje o Congresso Nacional é desmoralizado, o poder federal, desmoralizado, a autoridade política, desmoralizada. Há uma invasão absolutamente intolerável, que tem de ser posto um fim, de atribuições democráticas por poderes que não são votados. O Ministério Público quer governar no lugar de todo mundo. o Judiciário quer governar no lugar de todo mundo", disse ao discursar na XXI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, em Brasília.

Em seguida, Ciro defendeu que o Brasil precisa "se livrar" da medida que impôs um teto para os gastos públicos, a emenda constitucional 95, aprovada pelo governo Michel Temer.

Diante de uma plateia formada por vereadores e prefeitos, Ciro pediu ajuda dos prefeitos para uma mobilização contra os "poderosos" que implantaram essa medida.

"O Brasil precisa se livrar da tal emenda 95, e isso não se fará sem uma ampla mobilização. O baronato quer tabelar todos os gastos para deixar livre os gastos com juros e rolagem de dívida pública", afirmou antes de explicar que isso não significa que esteja defendendo o déficit das contas públicas.

"Eu não tenho um dia de déficit na minha longa vida pública, entretanto, no caso brasileiro, produzimos uma norma que não há precedente no mundo. Todas as necessidades dramáticas estão limitadas a 25% da execução orçamentária", argumentou.

"Só implementaremos essas medidas se conseguirmos deslocar o eixo do poder político para a verdadeira circunstância democrática que são os políticos eleitos pelo povo. O que está errado no Brasil está errado por interesse dos poderosos. Nós precisamos restaurar a autoridade moral do político brasileiro", disse.

MDB e Temer

Ciro Gomes disse também que o nome do MDB para disputar a sucessão de Michel Temer, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, qualifica o debate eleitoral, mas praticamente jogou fora sua biografia "tendo que suportar uma agenda antipovo, antipobre e antinacional imposta de por seus chefes".

"'Eu eleito' é a certeza de revogação dessa agenda. Por exemplo, será revogada a entrega do petróleo do pré-sal aos estrangeiros. Será revogada toda e qualquer tentativa de internacionalização da Embraer. Será proposta a revogação e substituída por uma nova regra mais moderna e minimamente séria essa selvageria que eles deram o nome de reforma trabalhista", afirmou.

"Uma reforma da legislação laboral com a diretriz de proteger o trabalho. Não temos que ter medo de reformar. Na reforma que eu tenho, mulher grávida não pode ser locada em ambiente insalubre. O trabalho intermitente é outro. 380 mil brasileiros perderam o emprego e estão recontratados por trabalho temporário ganhando menos do que o salário mínimo e tendo que tirar do bolso o dinheiro que não têm para pagar a contribuição previdenciária."

O pré-candidato do PDT afirmou que a oposição "não permitirá" que o presidente Michel Temer seja escondido das campanhas de Meirelles e do pré-candidato do PSDB, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Ele também falou do pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro, classificado por ele como "candidato a ditador".

Projeto de desenvolvimento

O pré-candidato explicou também que vai propor um novo projeto nacional de desenvolvimento, "com começo, meio e fim". Ele disse que este projeto terá três medidas principais no início do seu mandato: o fim do teto de gastos, o combate ao endividamento das famílias e enfrentar a dependência do País de importados.

"Nos seis primeiros meses, vou precisar que as reuniões com prefeitos sejam quinzenais. Pretendo propor um novo projeto nacional de desenvolvimento que vai começar por enfrentar três gravíssimas obstáculos: o explosivo endividamento da famílias, a dependência de importados e o colapso fiscal por conta da emenda constitucional 95", disse.

Ciro também foi aplaudido quando disse que irá propor a criação de um tributo sobre heranças e doações, que será "partilhado com Estados e municípios".

Além disso, ele defendeu um imposto transitório sobre operações financeiras superiores a R$ 3 mil por mês. Segundo ele, com uma alíquota de 0,38% sobre essas transações, a União poderia arrecadar em torno de R$ 70 bilhões.

Em coletiva de imprensa, o pré-candidato do PDT também foi questionado sobre a questão do preço da gasolina. Afirmou que a Petrobras vem praticando um "controle de preços às avessas contra o povo brasileiro" privilegiando o câmbio e o mercado internacional.

"Se a Petrobras produz petróleo, não podemos cotar o barril de petróleo na composição do preço do combustível a Roterdã, eu tenho que cotar quando custa o barril de petróleo para a Petrobras", disse o ex-ministro.

Segundo Ciro, o preço deve ser baseado no custo da estatal, acrescido da remuneração do imobilizado e de lucro em linha com competidores do mesmo porte.

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