Joesley diz que pressionou Henrique Meirelles por cargos
O empresário da JBS ainda criticou a atuação da presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de maio de 2017 às 21h29.
Última atualização em 18 de maio de 2017 às 21h30.
São Paulo - O empresário Joesley Batista , da JBS, pressionou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para conseguir cargos e mudanças em vários órgãos do governo, incluindo Receita Federal, Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e ainda criticou a atuação da presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos.
"Está bem travado", disse ao reclamar para o presidente Michel Temer do crédito do banco.
No áudio da conversa com Temer, divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que possuem trechos inaudíveis, Joesley fala que trabalhou com Meirelles por 4 anos e tem bom relacionamento com o ministro.
"Como você está em com o Henrique?", pergunta o empresário a Temer. "Está muito bem. Estou muito satisfeito. É um sujeito que conhece bem o assunto. A gente vai muito bem", responde o presidente.
"Ele é trabalhador. Só não chama ele pra ir pra praia", diz Batista, arrancando risadas de Temer.
Em seguida, Batista disse que "andou falando" com Meirelles "alguns assuntos". Um destes assuntos foi sobre se o ministro da Fazenda não mandava no Banco Central.
O empresário conta que Meirelles respondeu que não, que quem manda lá é o presidente Ilan Goldfajn.
Em seguida, Batista disse que pediu a Meirelles para mudar o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid. "Põe um cara mais dinâmico."
Segundo o áudio, Meirelles respondeu que não poderia fazer a mudança.
Batista fala que conversou com Meirelles sobre mudar o presidente do Cade, colocar alguém "ponta firma". Temer responde que já foi feita a mudança.
Ao reclamar da presidente do BNDES, Joesley afirma que Meirelles disse a ele que o assunto era do ministério do Planejamento.
Em outro trecho, Temer responde que servidores do banco estão com bens indisponíveis e que a instituição tem uma verba de R$ 150 bilhões parada. Joesley então questiona a quem Maria Silvia responde.
Temer diz a Joesley que o empresário foi uma das lideranças determinantes para que Meirelles entrasse em seu governo.
Batista fala a Temer que quer ter uma "maior sintonia" e alinhamento com o peemedebista para que, quando for falar com o Meirelles e o ministro mostrar resistência ao pedido de Joesley, ele então mencionar este alinhamento.
"Eu queria ter alguma sintonia contigo para quando eu falar com o Meirelles, ele não falar que o presidente não deixa, não quer."
Ao contar sobre sua relação profissional com Meirelles, Joeslley diz acreditar que se pressionar mais o ministro, Meirelles pode aceitar suas demandas.
"Eu trabalhei com ele 4 anos, se eu for mais firme com ele, acho que ele corresponde", disse ele.
"É importantíssimo ter um presidente do Cade ponta firma", afirma ele.
"Agora está para trocar o presidente da CVM e é outro lugar fundamental", diz Joesley a Temer.
"Se eu falar com ele, e ele empurrar para você, eu vou poder dizer (que está alinhado com o presidente)."
Ao falar do BNDES, Joesley Batista menciona uma operação, sem falar qual, e disse que o ministro Geddel Vieira prometeu a ele todo empenho para aprovar o desembolso do recurso.