Rodrigo Janot: "Não vi distorção alguma e também não vi ninguém negar o fato criminoso imputado a essas pessoas", disse o procurador (José Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 26 de janeiro de 2016 às 17h18.
Brasília - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, saiu em defesa do trabalho do Ministério Público no âmbito da Operação Lava Jato. Janot afirmou que não vê distorções entre as transcrições de delações premiadas e o próprio depoimento dos investigados.
"Não vi distorção alguma e também não vi ninguém negar o fato criminoso imputado a essas pessoas", afirmou o procurador-geral, ao deixar a primeira sessão do ano do Conselho Nacional do Ministério Público.
Defensores de investigados têm feito críticas à transcrição das delações. Segundo os advogados, os investigadores omitem nos relatórios de depoimento fatos ditos no momento da prestação de esclarecimentos ao Ministério Público.
Os advogados do empreiteiro Marcelo Odebrecht e de executivos da empresa, por exemplo, afirmam que o MP "deliberadamente omite" informações prestadas.
Divergências entre o depoimento prestado por delatores - acessado por meio de vídeo e áudio gravados pelos investigadores - e os termos escritos também são usadas pela defesa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na defesa prévia à denúncia oferecida por Janot contra o parlamentar.
Outros advogados também têm abordado as diferenças entre depoimento e relatório em manifestações enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta terça-feira, 26, o procurador-geral da República considerou que os argumentos dos advogados são "técnica de defesa".
Críticas à condução da Lava Jato foram tornadas públicas, de forma organizada, há cerca de dez dias, quando advogados assinaram um manifesto questionando a operação.
Na carta, os advogados afirmam que "nunca houve um caso penal em que as violações às regras mínimas para um justo processo estejam ocorrendo em relação a um número tão grande de réus e de forma tão sistemática".
Janot evitou embate com os advogados, ao ser questionado sobre as críticas. "É direito de expressão, é livre", afirmou o procurador-geral da República.