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Itaú projeta inflação média de 5% para o Brasil nesta década

Relatório da instituição também traz previsões para PIB, câmbio, juros, investimentos e gastos públicos

Equipe econômica do Itaú projeta cotação do dólar a R$ 2,00 em 2020 (Raul Junior/EXAME)

Equipe econômica do Itaú projeta cotação do dólar a R$ 2,00 em 2020 (Raul Junior/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 16h48.

São Paulo – A equipe econômica do Itaú Unibanco divulgou nesta sexta-feira (18) um relatório com previsões para o Brasil ao longo da década. Intitulado “Brasil 2020: o futuro visto de hoje”, o documento aponta avanços e problemas em diversas áreas.

Um dos temas em questão – e que domina o debate atual – é a inflação. O banco projeta IPCA médio de 5% no período de 10 anos. “A inflação tem permanecido em níveis superiores ao centro da meta nos últimos anos. No fim de 2011, a média móvel de cinco anos do IPCA deverá alcançar 5,3%, considerando nossa projeção de 5,8% para este ano. Em anos normais ou com choques benignos, o IPCA tem se situado em torno da meta, mas em anos com choques adversos a inflação sobe para a banda superior da meta. Ao longo da década, esperamos inflação média de cerca de 5% ao ano”, diz o texto.

Sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o cenário é de algo entre 4% e 5% impulsionado por três fatores. “Primeiro, esperamos uma taxa de investimento como proporção do PIB mais elevada, o que implica em maior crescimento do estoque de capital. Segundo, o crescimento da produtividade deverá alcançar patamares ligeiramente acima dos atuais devido a reformas e avanços já realizados. Terceiro, o início das atividades do pré-sal levará a uma maior produção de petróleo nos próximos anos.” A nota ruim é aponta para uma desaceleração no final da década “devido à falta de reformas, aumento de carga tributária e às incertezas sobre a inflação”.

Pré-sal, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos ajudarão a elevar para 22,5% a relação investimentos/PIB. Além disso, “a queda da razão dívida/PIB e a manutenção da estabilidade macroeconômica implicam em continuidade do processo de convergência das taxas de juros domésticas para níveis próximos aos internacionais”, o que favorece os investimentos no Brasil. “Esperamos 4,5% de juros reais em 2020.”


Como não há perspectiva de aumento da poupança pública, os investimentos serão sustentados por um aumento no déficit em conta corrente, “que deverá situar-se entre 3% e 4% do PIB ao longo da década.” “Em caso de uma reversão inesperada da disposição dos estrangeiros em financiar o déficit em conta corrente brasileiro, o câmbio depreciaria para restaurar o equilíbrio nas contas externas”, diz o relatório assinado pelo economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn e o economista Felipe Salles.

Política Fiscal e Câmbio

O perfil gastador do governo deve ser mantido nos próximos anos. O avanço nesse quesito viria da migração de recursos dos gastos correntes para o investimento público. “A discussão sobre política fiscal deverá ser de natureza diferente da que nos habituamos nos últimos anos. Na década passada, as discussões sobre política fiscal focavam na necessidade dos superávits fiscais para garantir a sustentabilidade da dívida pública. Felizmente, a economia brasileira amadureceu. Hoje, a discussão de maior relevância diz respeito à qualidade dos gastos públicos e ao impacto da despoupança pública no financiamento das necessidades de investimento do país.” O cenário ideal proposto pelo Itaú Unibanco seria de redução de gastos e de impostos – esse último prontamente descartado no relatório.

As commodities no mundo devem continuar subindo, mas de forma gradual. “Com isso, a taxa de câmbio real (descontada a inflação) deve continuar apreciando-se, porém num ritmo bem menos intenso que nos últimos anos (a taxa nominal se deprecia até atingir R$/US$ 2, para compensar parcialmente a inflação). No entanto, essa apreciação poderia ser evitada. Uma redução do crescimento dos gastos do governo ao longo dos anos reduziria a pressão sobre a demanda agregada, abrindo espaço para uma taxa de câmbio mais desvalorizada e elevando a competitividade das empresas brasileiras, o que resultaria em uma redução no déficit em conta corrente.”

O documento enfatiza ainda a necessidade de investimento na Educação. Embora reconheça algum progresso, a qualidade nessa área melhora “num ritmo lento”. O crescimento mundial nesta década será sustentado pelos países emergentes, e o Brasil está nesse grupo. O quanto vamos nos destacar dependerá da nossa capacidade de superar velhos problemas. “Apesar dos sobressaltos eventuais, o Brasil mantém-se estável macroeconomicamente”, prevê o Itaú Unibanco.

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