Isolamento social registra queda no Rio e ruas mais cheias preocupam
Números da empresa de inteligência artificial mostram que o Rio apresentou um isolamento de 74% na segunda (4), enquanto há 15 dias essa taxa era de 79%
Agência O Globo
Publicado em 6 de maio de 2020 às 06h22.
Última atualização em 6 de maio de 2020 às 07h07.
Moradores do município do Rio estão aderindo menos ao isolamento social recomendado pelas autoridades como medida de prevenção ao novo coronavírus . Números da empresa de inteligência artificial Cyberlabs mostram que a cidade apresentou um isolamento de 74% na última segunda-feira, enquanto há 15 dias essa taxa era de 79%.
Além disso, o maior número de pessoas nas ruas pode estar relacionado ao aumento de casos de Covid-19: o dia com o maior número de novos casos confirmados da doença no Rio foi 27 de abril, com 763 registros, cerca de duas semanas depois dos dias com menor taxa de isolamento: 11 e 13 de abril, com 75%, e 14 de abril, com 74%. As datas coincidem com o prazo médio de 14 dias indicado por especialistas e pelo Ministério da Saúde como o tempo de incubação do coronavírus após o contato.
O infectologista Edimilson Migowski, diretor de relações externas da UFRJ, aponta que os números podem indicar uma segunda leva de contaminação.
"A doença tem se manifestado na primeira semana após o contato com o vírus. Porém, há sempre uma segunda onda de contaminação, quando os primeiros infectados transmitem o vírus para até duas ou três pessoas. As pessoas burlaram o isolamento, foram contaminadas e depois infectaram mais pessoas, inclusive parentes e amigos".
Ainda de acordo com Migowski, daqui a duas semanas poderemos ter outro pico de Covid-19, mas com menos condições de atendimento.
"Hoje há 400 pessoas esperando na fila por um leito de UTI. Podemos projetar que 14 dias após a última segunda-feira, que também teve uma taxa de isolamento baixa (74%), o Rio poderá ter até mil pessoas esperando por uma vaga. Isso é terrível", afirma o especialista.
O bairro em que mais pessoas saíram às ruas na segunda-feira, entre os monitorados, foi Botafogo, na Zona Sul, com 67% (significa que foram observadas 67% de pessoas a menos nas ruas em relação a segundas-feiras antes da quarentena). Em seguida, vem Copacabana, com 70%. Nesta terça-feira, havia filas em mercados e bancos do bairro. Na Zona Oeste, o comércio popular de Campo Grande estava com grande circulação de pessoas. Já no Centro, perto do Largo da Carioca, muitos comerciantes atendiam na calçada. Na Lapa, na Rua do Riachuelo, o mesmo cenário: muitas pessoas próximas umas das outras.
A Cyberlabs vem trabalhando em parceria com o Centro de Operações Rio, com 800 câmeras de videomonitoramento privadas e públicas, incluindo 400 do COR. A ferramenta faz a contagem automática das pessoas que aparecem nas imagens.