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Indicadores sociais explicam impopularidade de Cabral

Os indicadores criminais cresceram com a migração de criminosos para regiões sem policiamento e os homicídios dolosos também aumentaram na capital

Manifestante mascarado em protesto no Rio contra o governador Sérgio Cabral: desde junho houve uma sucessão de choques entre a PM e manifestantes nas ruas do Rio (Fernando Frazão/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de dezembro de 2013 às 08h38.

Rio de Janeiro - Um conjunto de indicadores com retrocessos, avanços modestos ou estagnação na área social contrasta com os números generosos dos investimentos e do crescimento de empregos no Rio nos últimos anos e dá pistas sobre possíveis motivos da impopularidade do governador Sérgio Cabral (PMDB).

A taxa de homicídios é uma delas. O índice estava em 36,7 por 100 mil habitantes em 2006, ano anterior à posse de Cabral, e caiu para 23,5/100 mil em 2012 -um recuo de 36%.

Naquele momento, os números nacionais apontavam aumento de 20,9 para 24,3. Mas a sensação de segurança dos primeiros anos, com redução na incidência de crimes sobretudo em bairros protegidos pelas 36 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em favelas, começou a ceder em 2013.

Uma comparação de estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP) da Secretaria de Segurança, com base nos meses de setembro - o último disponível em 2013 - mostra que os indicadores criminais cresceram com a migração de criminosos para regiões sem policiamento.

Na capital, os homicídios dolosos aumentaram. Em relação a setembro de 2012, eles passaram, na capital, de 97 para 114. Na Baixada Fluminense , de 119 para 138.Na Grande Niterói, de 27 para 37.

O aumento dos crimes é mais pronunciado nos dados sobre roubo a transeuntes. Na capital, passou de 1.862 em setembro de 2012 para 2.549 no mes mo mês de 2013 (mais 36,9%). Na Baixada, de 906 para 1528 (68,6%); na Grande Niterói, de 538 para 701 (mais 30%). No Interior de 247 para 347 (40,4%).


Amarildo

Ainda na área de segurança, o caso do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, morto sob tortura por policiais militares que o prenderam ilegalmente na Rocinha, gerou forte desgaste para Cabral e para o programa das UPPs. Um episódio semelhante ocorreu em outubro na favela de Manguinhos, quando o jovem Paulo Roberto Menezes morreu em circunstâncias suspeitas, também com acusações de envolvimento de PMs da UPP local.

Desde junho houve uma sucessão de choques entre a Polícia Militar e manifestantes nas ruas do Rio. Aconteceram excessos de ambos os lados, mas a atuação da PM, jogando bombas de gás perto de hospitais e espancando ativistas, comprometeu a imagem do governo.

"O bônus das UPPs, que (o governador Sérgio) Cabral ganhou quando ampliou o programa, está se esgotando", diz Geraldo Tadeu Monteiro, diretor do Instituto Universitário de Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro (Iuperj).

Também na educação a situação do Rio ficou distante do bom desempenho da economia. No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), depois de ficar com nota 2,8 em 2007 e 2009, o Estado foi a 3,2 em 2011. Esse aumento de 14,2% levou o Estado de 20° lugar para 15º lugar (entre 27 unidades da Federação) em 2011.

Ou seja, mesmo com o segundo maior PIB estadual do País, o Rio se manteve, na educação, atrás de Estados mais pobres, como Roraima, Acre., Espírito Santo e Rondônia.

A última edição do Pisa, programa internacional de avaliação de sistemas educativos , colocou em 2012 o Rio de Janeiro em décimo lugar, também atrás de Estados com economias menores, como Mato Grosso do Sul (5º) e Paraíba (9º).


Em relação a 2009 (o teste é aplicado a cada três anos), o Rio recuou nas três áreas avaliadas: leitura, matemática e ciência. Na nota geral, o Estado ficou com 399 pontos, abaixo da média nacional, de 402.

O secretário de Educação, Wilson Risolia, argumentou que menos de 1% dos alunos foram avaliados, acrescentando que o resultado não confere com o das avaliações internas da secretaria, feitas com todos os estudantes.

Mortalidade

Entre 2006 e 2012, a mortalidade infantil no Estado caiu menos que no Brasil. A redução foi de 16,12 para12,71 mortos por mil nascidos vivos (21,15% no indicador), enquanto o recuo nacional foi de 25,42% (21,04 para15,69).

O mesmo aconteceu com a taxa de analfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais, que, no período, caiu de 10,5% para 8,7% no Brasil (menos 17,4%), mas se reduziu menos no Rio - de 4,3% para 3,8%, uma retração de 11,62%,


Em outro item significativo para a qualidade de vida, o abastecimento de água, a rede estadual passou de 88,06% das residências ligadas para 88,5% - um quadro de estabilidade.

Houve, porém, alguns avanços. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2006 e 2012 o Rio zerou o trabalho infantil na faixa de 5 a 9 anos e o reduziu em 62,5% no grupo de 10 a 13 anos. Essas diminuições foram maiores que a média nacional no período, mas, nos números gerais (de 5 a 17) a redução ficou em 22,65%, abaixo dos 31,84% no Brasil.

Também na faixa de 15 a 17, a redução no Rio (11,66%) foi menor que a nacional, de 16,9%. Na rede coletora de esgoto, o Rio cresceu mais (61,54% para 77,95% das residências ligadas, mais 26,6%)que o Brasil (48,21%para 57,06%).

Propaganda

Alvo de críticas, as despesas de publicidade pagas pelo governo Cabral atingiram, de janeiro de 2007 ao fim de novembro de 2013, o valor de R$ 799,5 milhões. Trata-se de números não corrigidos pela inflação. Deflacionado para novembro de 2013, o gasto passa de R$ 930 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Rio de Janeiro - Um conjunto de indicadores com retrocessos, avanços modestos ou estagnação na área social contrasta com os números generosos dos investimentos e do crescimento de empregos no Rio nos últimos anos e dá pistas sobre possíveis motivos da impopularidade do governador Sérgio Cabral (PMDB).

A taxa de homicídios é uma delas. O índice estava em 36,7 por 100 mil habitantes em 2006, ano anterior à posse de Cabral, e caiu para 23,5/100 mil em 2012 -um recuo de 36%.

Naquele momento, os números nacionais apontavam aumento de 20,9 para 24,3. Mas a sensação de segurança dos primeiros anos, com redução na incidência de crimes sobretudo em bairros protegidos pelas 36 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em favelas, começou a ceder em 2013.

Uma comparação de estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP) da Secretaria de Segurança, com base nos meses de setembro - o último disponível em 2013 - mostra que os indicadores criminais cresceram com a migração de criminosos para regiões sem policiamento.

Na capital, os homicídios dolosos aumentaram. Em relação a setembro de 2012, eles passaram, na capital, de 97 para 114. Na Baixada Fluminense , de 119 para 138.Na Grande Niterói, de 27 para 37.

O aumento dos crimes é mais pronunciado nos dados sobre roubo a transeuntes. Na capital, passou de 1.862 em setembro de 2012 para 2.549 no mes mo mês de 2013 (mais 36,9%). Na Baixada, de 906 para 1528 (68,6%); na Grande Niterói, de 538 para 701 (mais 30%). No Interior de 247 para 347 (40,4%).


Amarildo

Ainda na área de segurança, o caso do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, morto sob tortura por policiais militares que o prenderam ilegalmente na Rocinha, gerou forte desgaste para Cabral e para o programa das UPPs. Um episódio semelhante ocorreu em outubro na favela de Manguinhos, quando o jovem Paulo Roberto Menezes morreu em circunstâncias suspeitas, também com acusações de envolvimento de PMs da UPP local.

Desde junho houve uma sucessão de choques entre a Polícia Militar e manifestantes nas ruas do Rio. Aconteceram excessos de ambos os lados, mas a atuação da PM, jogando bombas de gás perto de hospitais e espancando ativistas, comprometeu a imagem do governo.

"O bônus das UPPs, que (o governador Sérgio) Cabral ganhou quando ampliou o programa, está se esgotando", diz Geraldo Tadeu Monteiro, diretor do Instituto Universitário de Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro (Iuperj).

Também na educação a situação do Rio ficou distante do bom desempenho da economia. No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), depois de ficar com nota 2,8 em 2007 e 2009, o Estado foi a 3,2 em 2011. Esse aumento de 14,2% levou o Estado de 20° lugar para 15º lugar (entre 27 unidades da Federação) em 2011.

Ou seja, mesmo com o segundo maior PIB estadual do País, o Rio se manteve, na educação, atrás de Estados mais pobres, como Roraima, Acre., Espírito Santo e Rondônia.

A última edição do Pisa, programa internacional de avaliação de sistemas educativos , colocou em 2012 o Rio de Janeiro em décimo lugar, também atrás de Estados com economias menores, como Mato Grosso do Sul (5º) e Paraíba (9º).


Em relação a 2009 (o teste é aplicado a cada três anos), o Rio recuou nas três áreas avaliadas: leitura, matemática e ciência. Na nota geral, o Estado ficou com 399 pontos, abaixo da média nacional, de 402.

O secretário de Educação, Wilson Risolia, argumentou que menos de 1% dos alunos foram avaliados, acrescentando que o resultado não confere com o das avaliações internas da secretaria, feitas com todos os estudantes.

Mortalidade

Entre 2006 e 2012, a mortalidade infantil no Estado caiu menos que no Brasil. A redução foi de 16,12 para12,71 mortos por mil nascidos vivos (21,15% no indicador), enquanto o recuo nacional foi de 25,42% (21,04 para15,69).

O mesmo aconteceu com a taxa de analfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais, que, no período, caiu de 10,5% para 8,7% no Brasil (menos 17,4%), mas se reduziu menos no Rio - de 4,3% para 3,8%, uma retração de 11,62%,


Em outro item significativo para a qualidade de vida, o abastecimento de água, a rede estadual passou de 88,06% das residências ligadas para 88,5% - um quadro de estabilidade.

Houve, porém, alguns avanços. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2006 e 2012 o Rio zerou o trabalho infantil na faixa de 5 a 9 anos e o reduziu em 62,5% no grupo de 10 a 13 anos. Essas diminuições foram maiores que a média nacional no período, mas, nos números gerais (de 5 a 17) a redução ficou em 22,65%, abaixo dos 31,84% no Brasil.

Também na faixa de 15 a 17, a redução no Rio (11,66%) foi menor que a nacional, de 16,9%. Na rede coletora de esgoto, o Rio cresceu mais (61,54% para 77,95% das residências ligadas, mais 26,6%)que o Brasil (48,21%para 57,06%).

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Alvo de críticas, as despesas de publicidade pagas pelo governo Cabral atingiram, de janeiro de 2007 ao fim de novembro de 2013, o valor de R$ 799,5 milhões. Trata-se de números não corrigidos pela inflação. Deflacionado para novembro de 2013, o gasto passa de R$ 930 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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