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Incêndio em Santa Maria relembra tragédia semelhante nos EUA

Há dez anos, 100 pessoas morreram depois que o revestimento acústico pegou fogo durante um show pirotécnico de uma banda de rock em Rhode Island, nos Estados Unidos

Velório coletivo das vítimas do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (REUTERS/Ricardo Moraes)

Velório coletivo das vítimas do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (REUTERS/Ricardo Moraes)

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Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2013 às 13h49.

Nova York - O incêndio na boate Kiss na cidade gaúcha de Santa Maria, que matou pelo menos 233 pessoas neste domingo, relembra tragédia similar ocorrida há uma década em Rhode Island, nos Estados Unidos, onde 100 pessoas morreram depois que o revestimento acústico altamente inflamável pegou fogo durante um show pirotécnico de uma banda de rock.

Nos dois casos, policiais citaram o uso artefatos pirotécnicos, revistimento acústico pegando fogo, saídas bloqueadas e provavelmente superlotação.

"Parece que nós temos memória muito curta", disse John Barylick, autor do livro "Killer Show", um livro sobre o incêndio de Rhode Island, e um dos advogados das vítimas.

"Foi extamente a conjugação das mesmas circunstâncias que tivemos há 10 anos na boate Station." A polícia acredita que o incêndio na boate Kiss tenha começado no teto após o disparado de um sinalizador durante o show de apresentação da banda Gurizada Fandangueira.

As mais de 1.000 pessoas que estavam dentro da boate no momento do incêndio não conseguiram achar as saídas por conta da fumaça negra que se espalhou pelo local, disse a polícia. A maioria das vítimas morreu por asfixia.

A tragédia na casa noturna Station, no Estado norte-americano de Rhode Island, aconteceu durante a apresentação da banda Great White e é considerado o concerto de rock com maior número de vítimas da história. A tragédia levou a mudanças rápidas nas regras de segurança e o aumento das penalidades para os responsáveis.


Naquela noite de 2003, a pequena casa noturna de madeira, que recebia mais gente do que a sua capacidade, foi envolvida por chamas e muitas das 458 pessoas que estavam no local ficaram presas. Além dos 100 mortos, cerca de 200 pessoas ficaram feridas.

O gerente da turnê da banda e dois homens donos da casa noturna se declaram voluntariamente culpados por homicídio culposo em 2006. E em 2009, centenas de sobreviventes e parentes das vítimas chegaram a uma acordo de 176 milhões de dólares com cerca de 50 pessoas consideradas responsáveis pela tragédia.

O Estado de Rhode Island tornou mais rigorosos os códigos contra incêndio, exigindo sistemas de sprinkler (difusor automático de água) nos ambientes públicos e que os funcionários de casas noturnas sejam treinados em segurança de incêndio. Os proprietários de casas noturnas proibiram o uso de fogos de artifícios e sinalizadores em concertos.

O desatre no Brasil também fez relembrar o incêndio na boate Cromagnon em Buenos Aires, em 2004, que matou 200 pessoas. Depois do incêndio, Buenos Aires criou uma agência de inspeção na tentativa de restaurar a credibilidade das casas de show e boates na capital. Mas críticos dizem que a corrupção é generalizada e que muito ainda precisa ser feito.

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