Afirmação de que pedirá ao Legislativo municipal urgência na aprovação das duas promessas contradiz afirmação feita em entrevista coletiva (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2012 às 06h56.
São Paulo - O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta terça-feira, após encontro com o governador do Estado, o tucano Geraldo Alckmin, que, assim que tomar posse, no dia 1º de janeiro, irá encaminhar para a Câmara Municipal dois projetos urgentes para a cidade e que integram sua plataforma de governo: o fim da taxa da inspeção veicular e a criação do Bilhete Único Mensal. "Vou fazer isso na primeira hora (de sua administração) e, assim que os vereadores tomarem posse, irão receber essas minhas duas promessas de campanha. Pediremos urgência nessa votação", garantiu.
A afirmação de que pedirá ao Legislativo municipal urgência na aprovação dessas duas promessas de campanha contradiz o que Haddad afirmou nesta segunda-feira (29), em entrevista coletiva. Nessa entrevista, ele havia afirmado que promessas de campanha como a criação do Bilhete Único Mensal e o fim da taxa de inspeção veicular dependeriam de aprovação na Câmara Municipal e que isso provavelmente sairia do papel, caso não enfrentasse resistência dos vereadores, só a partir de 2014. "Quero crer que no segundo ano de governo isso esteja equacionado", disse ontem. Nesta terça-feira, contudo, afirmou que pretende ver as duas propostas aprovadas o mais rápido possível.
Haddad falou hoje também sobre o aumento da onda de violência na cidade de São Paulo, com elevado número de mortes. "Pretendemos colaborar com o governo do Estado, agindo complementarmente para ajudar na segurança pública, como, por exemplo, através do sistema de videomonitoramento de imagens que poderão ser colocadas à disposição e de programas sociais para a juventude nos bairros mais vulneráveis", destacou. O prefeito eleito disse que pretende pedir um diagnóstico preciso da situação da violência na capital ao secretário estadual de Segurança Pública para identificar as áreas onde a administração municipal poderá atuar. "Agiremos de forma complementar, ajudaremos no que puder o governador (Alckmin) a combater a violência na cidade de São Paulo."
Parceria
Após encontro de aproximadamente meia hora com o governador de São Paulo, Haddad informou que a nova gestão municipal formará, a partir de 1º de janeiro, junto com o governo estadual, um grupo de trabalho para estudar as parcerias vigentes entre as duas esferas de poder e a possibilidade de novos projetos em conjunto. "Recebi dele (governador Geraldo Alckmin) o sinal verde para, assim que tomar posse, constituir um grupo para estudar novas possibilidades de investimento do governo do Estado na cidade de São Paulo e também de apoio às iniciativas da prefeitura", disse Haddad.
O prefeito eleito chegou por volta de 11h20 no Palácio dos Bandeirantes e entrou pela garagem do prédio. Em tom amistoso, o governador disse estar feliz em oferecer um café ao novo prefeito e discutir parcerias entre os dois a partir de 2013. "Reitero nossa disposição de trabalharmos juntos. Há uma importante sinergia entre Estado e município aqui em São Paulo", comentou Alckmin. Haddad, por sua vez, ressaltou que, passado o período eleitoral, é chegado o momento de se discutir os projetos de interesse da população. "Depois da eleição é hora de somarmos esforços para realizarmos os desejos manifestos pela população durante o período eleitoral. E é o que faremos: colocando o interesse público sempre acima de qualquer outro interesse", afirmou o petista.
Segundo o prefeito eleito, foram discutidos temas como a construção de novas creches para atender a um déficit de 145 mil vagas na capital e parcerias nas obras de ampliação do sistema metroviário. "É um desafio muito grande. Não vamos dispensar ajuda nem do governo federal nem do estadual", disse Haddad, em uma referência à construção de creches. Já o governador se colocou à disposição para trabalhar em conjunto com o novo governo municipal nas áreas de saúde, educação, transporte, segurança e macrodrenagem. "Se Deus quiser, vamos estar juntos em benefício da população", complementou Alckmin.
Ambos destacaram, no encontro desta terça, o clima amistoso da reunião. Haddad lembrou que, quando era ministro da Educação, já tinha uma boa relação com Alckmin. "Eu conheço o trabalho do governador, respeito e tenho apreço pela condução política que ele dá ao Estado. Ele tem feito parceria com prefeitos de todos os partidos. Não será diferente comigo", comentou Haddad.
Dilma
O prefeito eleito lembrou também as parcerias que sua gestão implementará com o governo federal, da correligionária Dilma Rousseff. "Vamos trazer qualidade de vida à população com as parcerias entre os três níveis de governo (municipal, estadual e federal)." Na área habitacional, por exemplo, o petista lembrou o projeto Minha Casa, Minha Vida. "Pretendo renovar a falta de esperança da população com minha eleição, dias melhores virão. O tema I (habitação) já foi negociado com a presidente Dilma e ela tem todo interesse que o projeto Minha Casa, Minha Vida atue com força total em São Paulo", reiterou.
Ao falar da expectativa de sua gestão, Haddad frisou: "Assumo o compromisso público de cumprir fielmente meu plano de governo, trabalharei quantas horas forem necessárias para melhorar a vida da população e não estou esperando a posse para começar a trabalhar, já estou fazendo isso, porque não podemos perder um minuto em São Paulo, a população está ansiosa pelas mudanças". E emendou: "Sinto a população voltada para essas mudanças, não vamos dormir no ponto, temos medidas de curto, médio e longo prazos. E no começo do ano (com sua posse), vamos endereçar ao Legislativo municipal as leis que irão mudar a cara de São Paulo."