Brasil

Há 3.209 presos no exterior; casos de tráfico têm alta

"É algo que nos preocupa imensamente, até porque a quantidade é sempre crescente", afirmou uma fonte do Itamaraty


	Drogas: a maior parte dos presos por tráfico está concentrada na Europa
 (Marcello Casal Jr/AGÊNCIA BRASIL)

Drogas: a maior parte dos presos por tráfico está concentrada na Europa (Marcello Casal Jr/AGÊNCIA BRASIL)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2015 às 13h47.

São Paulo - Marco Archer Cardoso Moreira e Rodrigo Muxfeldt Gularte, que estão na Indonésia aguardando a execução da pena de morte por tráfico, são apenas dois dos 3.209 brasileiros presos no exterior. Cerca de 30% (963 deles) estão detidos por tráfico ou porte de drogas, conforme dados de 31 de dezembro de 2013 do Ministério das Relações Exteriores.

O número de presos por tráfico subiu para cerca de 40% em 2014, mas o Itamaraty ainda não tem o levantamento completo. "É algo que nos preocupa imensamente, até porque a quantidade é sempre crescente", afirmou uma fonte do Itamaraty, ao falar do acompanhamento atento do governo.

Rota da droga

A maior parte dos presos por tráfico está concentrada na Europa. Dos 1.108 detidos naquele continente, quase a metade deles, 496 cometeram esse crime. Um dado curioso, no entanto, é que todos os 45 presos da Turquia, em 31 de dezembro de 2013, estavam encarcerados por terem sido pegos entrando naquele país portando drogas. De acordo com o Itamaraty, essas prisões só começaram a ocorrer em 2008, quando foi inaugurado o voo entre São Paulo e Istambul. "Até então, não existia um único brasileiro preso na Turquia por qualquer motivo", informou o Itamaraty, justificando que muitos esforços estão sendo feitos para tentar minorar o problema, já que há um controle muito grande das autoridades turcas em relação a drogas.

Também no caso da África, todos os 40 brasileiros que estão presos naquele continente são por narcotráfico ou porte de drogas - 36 estão na África do Sul, 2 em Cabo Verde e 2 em Moçambique.

Os tipos de crimes variam por região. No caso da América do Sul, de 864 presos, 288 são por tráfico de drogas, 128 deles no Paraguai. Mas a maior parte dos casos envolve roubo, assalto e violação de residências. No caso da América do Norte, dos 729 presos, apenas 15 deles (2%), são por tráfico de drogas, sendo 14 nos Estados Unidos e 1 no México. Os demais 714, em sua maioria, estão presos por violência doméstica, lesão corporal, estupro, assédio, irregularidade migratória e pornografia infantil.

Custo

O Brasil gastou, em 2013, com os 3.209 presos espalhados pelo mundo, US$ 120 mil, segundo o ministério. Neste total não estão incluídos deslocamentos de agentes consulares para visitas prisionais. Os gastos, segundo o Itamaraty ocorrem principalmente com compra de comida, medicamentos e roupas.

Em vários países as prisões sequer fornecem comida e cobertores, o que exige do consulado, por questão de humanidade, quando o preso não tem parentes na cidade ou país, manter sua sobrevivência. O governo brasileiro não paga advogados para os presos, mas oferece assistência jurídica e até psicológica aos encarcerados.

A maior parte dos recursos com presos foi gasta na Europa, que também concentra maior numero de detidos: 1.108. Portugal tem 329, seguido de 246 na Espanha, 190 na Itália, 120 na França, 52 no Reino Unido, 52 na Alemanha e 45 na Turquia. Dos presos por tráfico de drogas, a maior parte está detida na Espanha (150), seguido de Itália (118) e Portugal (76).

De acordo com os dados globais do Itamaraty, dos 3.209 brasileiros presos no exterior em dezembro de 2013, 2.495 eram homens, sendo 36 transexuais, 496 mulheres e 218 "casos não especificados". Desse total 2.246 receberam visitas de representantes do governo brasileiro ao longo daquele ano. 

Acompanhe tudo sobre:CrimePrisõesTráfico de drogas

Mais de Brasil

Governo cria sistema de emissão de carteira nacional da pessoa com TEA

Governo de SP usará drones para estimar número de morte de peixes após contaminação de rios

8/1: Dobra número de investigados por atos golpistas que pediram refúgio na Argentina, estima PF

PEC que anistia partidos só deve ser votada em agosto no Senado

Mais na Exame