Brasil

Governo lança programa Ciência sem Fronteiras Espacial

O programa foi lançado durante a 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)


	O estudante Bruno Koff passou um ano estudando engenharia mecânica no Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia do Sul, o Kaist (apelidado de "MIT coreano")
 (Wikimedia Commons)

O estudante Bruno Koff passou um ano estudando engenharia mecânica no Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia do Sul, o Kaist (apelidado de "MIT coreano") (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2013 às 19h05.

Recife – O governo federal anunciou hoje (24) o Programa Ciência sem Fronteiras Espacial, voltado para o intercâmbio de alunos e especialistas em questões espaciais nas áreas de engenharia, pesquisa e indústria.

A previsão inicial é conceder 300 bolsas de estudos em graduação, doutorado, pós-doutorado e desenvolvimento de pesquisas. Além de estudantes brasileiros, o programa dará a 150 pesquisadores visitantes oportunidade de atuar no país.

A iniciativa é uma parceria do Conselho Nacional de Desenvolvimento e Científico e Tecnológico (CNPq) e Agência Espacial Brasileira (AEB) para ampliar a formação de estudantes na área espacial, pouco atrativa para os profissionais brasileiros.

“A medida é fruto de uma necessidade de integração, de formação de recursos humanos. O número de pessoas que atuam nessa área é muito pequeno”, disse o presidente da AEB, José Raimundo Braga Coelho. “Não nos preocupamos somente em mandar o estudante para fora, mas para lugares adequados, em que eles passem pela universidade e também pela indústria [espacial]”, completou.

O programa foi lançado durante a 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que está sendo realizada na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Antes do anúncio, ex-bolsistas do Ciência sem Fronteiras relataram suas experiências no exterior.

O estudante Bruno Koff, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul, passou um ano estudando engenharia mecânica no Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia do Sul, o Kaist (apelidado de "MIT coreano"). “No começo a gente se choca. Assusta ir para Ásia e pensar em comer carne de cachorro, mas é preciso se adaptar e falar outros idiomas, se comunicar com outros países, e o Ciência sem Fronteiras é a chave para tal oportunidade”, disse Bruno.


Já o estudante Pedro Doria Nehme, da Universidade de Brasília (UnB), estagiou na Agência Espacial Americana (Nasa), no Goddard Space Flight Center, em Greenbelt, após o período letivo na Universidade Católica da América (UCA), em Washington. Depois dessa experiência, Nehme será o segundo brasileiro no espaço, ao ganhar uma promoção mundial realizada pela companhia aérea holandesa KLM. Em 2014, Nehme fará uma viagem suborbital, que deve atingir altitude de até 100 quilômetros.

“É uma filosofia diferente de ensinamentos [no exterior]. Nesse tempo [estudando fora], percebi uma aproximação maior do que se estuda na universidade e o que se usa, de fato, na pesquisa”, descreveu.

Entre as barreiras destacadas pelos alunos, estão a dificuldade em aproveitar os créditos das matérias que fizeram em outros países e as limitações ainda impostas pelo idioma. No entanto, dez dos 11 ex-bolsistas que apresentaram suas experiências na reunião da SBPC afirmaram que seria impossível, financeiramente, fazer intercâmbio sem o suporte do programa.

“É um desafio o idioma, ter aula todos os dias em outra língua, mas nos acostumamos rápido. A maior dificuldade mesmo é ficar longe da família”, ressaltou Lídia Mesquisa, estudante de biologia da UFPE. Lídia passou um ano em Melborne, na Austrália.

A presidenta da SBPC, Helena Nader, criticou a falta de regras para aproveitamento, pelas universidades brasileiras, das matérias cursadas durante o intercâmbio. “A universidade tem que aprender a valorizar os cursos feitos fora do país”, disse Helena. Para a pesquisadora, o programa é ousado, pois "não é trivial enviar 101 mil estudantes para o exterior”.

Ela aposta que a ciência brasileira poderá ver resultados práticos já nos próximos anos.

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