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Governador da Bahia cancela ida à inauguração com presença de Bolsonaro

Governo federal dobrou sua cota de convites de 300 para 600 pessoas; Rui Costa (PT) diz que evento excluiu população e virou "convenção político-partidária"

Rui Costa: governador da Bahia disse que presidente agrediu e ofendeu baianos (Raul Golinelli/Governo da Bahia/Reprodução)

Rui Costa: governador da Bahia disse que presidente agrediu e ofendeu baianos (Raul Golinelli/Governo da Bahia/Reprodução)

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Reuters

Publicado em 22 de julho de 2019 às 18h09.

Última atualização em 22 de julho de 2019 às 18h49.

Brasília — O governador da Bahia, Rui Costa (PT), decidiu não comparecer à inauguração do aeroporto de Vitória da Conquista (BA), depois de acusar o presidente Jair Bolsonaro — que irá nesta terça ao Estado para o evento — de ter agredido e ofendido o povo baiano.

"Exercitando a boa educação que aprendi, convidei o governo federal a se fazer presente no ato de inauguração, nesta grande festa. Infelizmente, confundiram a boa educação com covardia, e desde então, temos presenciado agressões ao povo do Nordeste e ao povo da Bahia", disse Costa em um vídeo divulgado pela sua assessoria.

O governador afirma que o Palácio do Planalto passou a controlar o evento e impedir a entrada da população.

"A medida anunciada é excluir o povo da inauguração, fazer uma inauguração restrita a poucas pessoas, escolhidas a dedo como se fosse uma convenção político-partidária. Não posso concordar com isso", afirmou o governador.

O aeroporto que será inaugurado nesta terça, batizado de Glauber Rocha em homenagem ao cineasta baiano, custou cerca de 145 milhões de reais em recursos do governo federal e estadual. A última parcela do financiamento federal foi pago no final de 2018, ainda no governo de Michel Temer.

Ao tomar conta do evento, o Planalto fechou o acesso à inauguração alegando questões de segurança, restringindo a convidados.

O governo federal expediu 300 convites inicialmente e reservou outros 70 para o governo estadual. Em seguida, resolveu aumentar a cota federal para 600 pessoas e, depois de uma reclamação do governador, cedeu outras 30 vagas para o Estado.

Esta é a terceira viagem do presidente à região Nordeste, onde foi derrotado pelo petista Fernando Haddad nas eleições de 2018. Bolsonaro foi a Recife, onde participou de uma reunião da Sudene, e a Petrolina, para entregar chaves de imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida. Assim como agora, o programa em Petrolina teve acesso popular controlado.

A visita à Bahia ocorre na esteira na crise criada pela fala do presidente em uma conversa com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, antes de iniciar um café com jornalistas estrangeiros, na sexta-feira passada.

Sem ver que o microfone estava captando a conversa, Bolsonaro disse que "daqueles governadores de 'paraíba', o pior é o do Maranhão; tem que ter nada com esse cara".

Depois, em entrevistas, Bolsonaro negou que tivesse chamado os nordestinos de "paraíbas", uma forma pejorativa de se referir às pessoas da região. Primeiro, pelo Twitter, afirmou que apenas havia dito "daqueles governadores". Depois, em entrevista, garantiu que estava criticando os governadores do Maranhão e da Paraíba.

A fala do presidente foi bastante criticada e gerou reação das redes sociais. No mesmo dia, os governadores do Nordeste divulgaram uma carta em que afirmavam ter recebido com "espanto e indignação" a declaração do presidente transmitindo "orientações de retaliação a governos estaduais".

Em nota divulgada nesta segunda, a Frente Parlamentar em Defesa do Nordeste afirma que a declaração de Bolsonaro "naturaliza e estimula o preconceito" e anuncia que tomará medidas contra o presidente, "inclusive abertura de processo judicial".

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