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Garimpo ilegal pode romper maior rede de transmissão de energia do país

Alerta foi feita pela empresa em cartas enviadas à Aneel

Energia: linha de transmissão foi construída e é administrada pela Belo Monte Transmissora de Energia (Ueslei Marcelino/Reuters)

Energia: linha de transmissão foi construída e é administrada pela Belo Monte Transmissora de Energia (Ueslei Marcelino/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 31 de julho de 2020 às 21h40.

O avanço do garimpo ilegal no Pará ameaça derrubar uma linha de transmissão de energia elétrica
usada para escoar a eletricidade produzida pela usina hidrelétrica de Belo Monte para o Sudeste. O alerta foi feito pela empresa que administra o “linhão” em diversos documentos enviados à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A linha de transmissão foi construída e é administrada pela Belo Monte Transmissora de Energia (BMTE), uma sociedade de propósito específico criada pela chinesa State Grid e a pela Eletrobras. O linhão tem mais de 2 mil quilômetros, é o mais extenso do país, e corta 65 municípios de quatro estados: Pará, Tocantins, Goiás e Minas Gerais.

No Pará, as atividades de garimpos ilegais têm ameaçado a sustentação das torres, segundo a BMTE. As preocupações da empresa responsável pelas instalações de transmissão associadas a uma das maiores hidrelétricas do mundo foram publicadas mais cedo pelo jornal O Estado de S. Paulo e confirmadas pelo GLOBO.

“A BMTE manifesta preocupação com a desestabilização do solo em decorrência da atividade minerária na região, uma vez que a manutenção destas atividades poderá comprometer a integridade do Empreendimento e por consequência. elevar o risco de desabastecimento do sistema elétrico nacional”, diz documento assinado pelo presidente da empresa, Chang Zhongjiao.

O último grande apagão do país, em 2018, foi causado por uma falha técnica nesse linhão. Procurada, a Aneel não comentou.

A operadora do linhão disse que houve ações fiscalizatórias da Polícia Federal na região em 11 de maio, o que de fato paralisou as atividades ilegais, mas afirmou que elas foram retomadas pouco depois. A empresa também demonstrou receios de uma “atuação truculenta por parte dos garimpeiros”, caso estes associem eventual repressão de suas atividades a denúncias feitas por ela.

“As equipes da BMTE têm sido orientadas a atuar à paisana no local para que não haja identificação e possível riscos à integridade dos profissionais”, disse a empresa na carta à Aneel.

O material inclui fotos registradas entre 21 e 26 de junho, que segundo a empresa de energia mostram que as atividades “têm se intensificado ainda mais no local”. Segundo os documentos, a BMTE registrou boletins de ocorrência sobre as atividades ilegais ao menos nas cidades paraenses de Parauapebas e Marabá.

A primeira carta da empresa à Aneel sobre o assunto, em maio, afirma que as denúncias vêm após ela ter identificado “inúmeros avanços de processos minerários” na região das instalações “ao longo dos últimos dois anos”.

A empresa explicou que o temor é de que a mineração impacte a configuração topográfica local, fazendo com que águas fluviais atinjam a base das torres de energia, o que poderia colocar sob risco a estabilidade das estruturas e, no limite, derrubá-las.

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