Brasil

Garimpeiros começam a deixar 'espontaneamente' terra Yanomami, diz governo de Roraima

Governador pediu ajuda do governo federal para desocupação do território sem confronto

Veias abertas: sobrevoo mostra áreas de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. (Rogério Assis - ISA/Divulgação)

Veias abertas: sobrevoo mostra áreas de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. (Rogério Assis - ISA/Divulgação)

AO

Agência O Globo

Publicado em 5 de fevereiro de 2023 às 19h52.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2023 às 18h28.

O governo de Roraima afirmou, em comunicado divulgado neste fim de semana, que trabalhadores do garimpo ilegal começaram a deixar "espontaneamente" a terra indígena Yanomami, diante das notícias que o governo federal planeja retirar os garimpeiros da região.

Vídeos divulgados pelo governo estadual mostram esses trabalhadores do garimpo entrando em canoas que serviriam para deixar o território, de acordo com o comunicado.

"São homens, mulheres e crianças que, tendo conhecimento das operações que deverão ocorrer nos próximos dias, resolveram se antecipar e evitar problemas com a Justiça", diz o governo de Roraima.

O governador Antônio Denarium afirmou ter entrado em contato com os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Defesa, José Múcio, para solicitar auxílio do governo federal no trabalho de desocupação e evitar confrontos.

Após esse pedido, o ministro Múcio deve ir na quarta-feira a Roraima para ver de perto a situação.

No sábado, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que o governo federal também acompanha a saída dos garimpeiros do local.

"Temos informações que garimpeiros já estão saindo. É bom que saiam, é bom que reduz nosso trabalho. São 20 mil garimpeiros para serem retirados", disse.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, já disse que o governo federal traçou um plano para prevenir e controlar o desmatamento na Amazônia, com combate a ações ilegais e retomada do território.

"O governo já restabeleceu o plano de prevenção e controle do desmatamento nos biomas brasileiros, começando, prioritariamente, na Amazônia e no cerrado e, mais focadamente, nas terras indígenas. Temos três casos emblemáticos, que é o povo yanomami, os mundurukus e o povo caiapó. Mas essa realidade se estende em vários estados e regiões da Amazônia. São ações de combate à criminalidade, de ordenamento territorial e fundiário, para que o Brasil se aproprie daquilo que é seu", afirmou.

Ela revelou que existem cerca de 2 mil pistas de pouso clandestina na região amazônica, o que facilita as ações do crime contra o ambiente e as comunidades indígenas.

"Hoje temos um descontrole aéreo na Amazônia. São mais de 2 mil pistas clandestinas que o Estado brasileiro tem que pôr um ponto final nessa forma criminosa de se assenhorar das comunidades e tornar elas reféns do tráfico de drogas, do tráfico de armas, da grilagem e da violência. Inclusive violência contra as mulheres indígenas, crianças e adolescentes", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:Yanomamis

Mais de Brasil

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP

Governos preparam contratos de PPPs para enfrentar eventos climáticos extremos

Há espaço na política para uma mulher de voz mansa e que leva as coisas a sério, diz Tabata Amaral

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdemar