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Fornecedores da Petrobras pagaram R$ 35 mi a doleiro, diz PF

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, dinheiro foi depositado em empresa de fachada que repassaria propina a políticos e servidores públicos

Refinaria Abreu e Lima: grupos que atuam na obra, suspeita de superfaturamento, fizeram pagamentos a empresa de fachada, diz jornal (Divulgação/Petrobras)
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Da Redação

Publicado em 6 de abril de 2014 às 09h53.

São Paulo – Nove fornecedores da Petrobras depositaram 34,7 milhões de reais na conta de uma empresa de fachada controlada pelo doleiro Alberto Youssef, diz laudo da Polícia Federal obtido pelo jornal Folha de S. Paulo.

Segundo reportagem deste sábado na Folha, a confissão de que a empresa MO Consultoria não desempenha de fato uma atividade foi feita por um empregado do doleiro, Waldomiro de Oliveira. É em nome dele que a empresa está registrada na Junta Comercial de São Paulo.

A Folha teve acesso ao depoimento do empregado, que decidiu colaborar com a polícia para obter uma pena menor.

A suspeita da PF é de que a MO Consultoria servia para repassar propina a políticos e servidores públicos, diz a reportagem. Segundo o jornal, outro laudo mostra que 90 milhões de reais passaram pela empresa entre 2009 e 2013.

Ainda segundo a reportagem, há notas fiscais de serviços de consultoria aos fornecedores da Petrobras, mas nenhuma comprovação de que esses serviços foram de fato prestados.

De acordo com o jornal, grandes grupos que atuam nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, fizeram pagamentos à MO Consultoria. Suspeita-se que a obra tenha sido superfaturada.

São eles, segundo a Folha: duas empresas do grupo Sanko (26 milhões de reais), consórcio Rnest, formado por Engevix e EIT (3,2 milhões de reais), Jaraguá Equipamentos (1,9 milhão de reais), Galvão Engenharia (1,53 milhão de reais), OAS, tanto a construtora como a holding (1,18 milhão no total), Arcoenge (491.700 reais) e Unipar Participações (293.300 reais).

Outro lado

A Sanko Sider disse à Folha que os pagamentos feitos à MO Consultoria são comissões pela venda de tubulações, intermediadas pela empresa.

A defesa de Youssef afirmou ao jornal que não há provas de que o dinheiro depositado nas contas da MO Consultoria seja ilícito.

O Consórcio Rnest disse à publicação que pagou por serviços da MO Consultoria.

De acordo com a Folha, a Braskem , que comprou os ativos da Unipar, não quis comentar, e a OAS, a Galvão Engenharia, a Jaraguá Equipamentos e a Arcoenge não responderam.

São Paulo - O primeiro trimestre ainda nem acabou, mas a Petrobras já acumulou problemas neste período que podem valer para o ano inteiro. Entre processo de investigação de propina, preço das ações despencando e produção de petróleo menor, a petroleira dá indícios que não vive um bom momento. Veja, a seguir, 10 enroscos em que a Petrobras já se meteu neste ano:
  • 2. Investigação sobre propina

    2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)

  • Veja também

    Em fevereiro, ex-funcionários da holandesa SBM, que aluga navios-plataformas, fizeram denúncias que apontam que empregados da Petrobras receberam propina para fechar negócios. O processo indica que funcionários e intermediários da petroleira receberam cerca de 140 milhões de dólares. A Petrobras abriu uma auditoria interna para apurar as denúncias. Segundo Graça, os primeiros resultados da auditoria levaram 30 dias para sair. A Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados aprovou hoje requerimento para que a empresa esclareça tais irregularidades.



  • 3. Endividamento bilionário

    3 /11(REUTERS/Nacho Doce)

  • A captação de  8,5 bilhões de dólares anunciada pela Petrobras nesta semana deve impactar ainda mais o endividamento da estatal. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a dívida líquida da petroleira deverá passar de 100 bilhões de dólares até 2018. De acordo com o novo plano de negócios quinquenal da Petrobras (2014-2018), 60,5 bilhões de dólares serão levantados em dívida bruta nos próximos cinco anos.

  • 4. Queda da produção

    4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)

    Em 2013, a produção de petróleo da Petrobras caiu 2,5% no Brasil. Neste ano, em janeiro, a produção também recuou.  No primeiro mês do ano, a produção total de petróleo e gás natural ficou 2,2% abaixo do total produzido em dezembro de 2013, quando atingiu 2,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a empresa, a interrupção da produção em duas unidades instaladas na Bacia de Campos e a venda de participação no Parque das Conchas impactaram a produção do período.


  • 5. Multa bilionária

    5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)

    Entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, a Petrobras recebeu cinco autuações da Receita Federal que somam 8,7 bilhões de reais. As informações estão no prospecto preliminar publicado na Securities and Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais da América do Norte. A Petroleira informou que já apresentou recursos em todos os casos. O processo ainda está em fase de julgamento.

  • 6. Ações despencaram

    6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)

    No final do mês passado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram  para o menor nível desde 2005 após a divulgação de que a dívida líquida da empresa havia crescido 50% no último ano. Os papéis preferenciais da empresa tiveram a maior queda da bolsa de São Paulo no dia 26 de fevereiro. As ações fecharam o dia cotadas a 13,70 reais, seu menor valor desde 27 de dezembro de 2005.

  • 7. Valor de mercado menor

    7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)

    A Petrobras foi a empresa que mais encolheu em valor de mercado no mês de fevereiro deste ano.
    Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.

    No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.

  • 8. Preço do dólar divergente

    8 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Durante evento para divulgar seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, a Petrobras afirmou que vai trabalhar com um dólar de 2,23 reais neste ano.

    A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
  • 9. Preço do combustível

    9 /11(Divulgação/Petrobras)

    A interferência do governo nos negócios da Petrobras também tem preocupado investidores, principalmente quando o assunto é o polêmico  reajuste no preço do combustível.

    A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.

  • 10. Independência do governo

    10 /11(Francois Lenoir/Reuters)

    No mês passado, Silvio Sinedino, funcionário da Petrobras há 26 anos e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), ganhou o direito de ocupar uma cadeira no conselho de administração da estatal. Ao que tudo indica, Sinedino quer deixar claro que os funcionários da companhia não compactuam com a ideia de que as decisões da empresa teriam de estar totalmente alinhadas às decisões do Governo Federal. Hoje o conselho da Petrobrás é formado por dez membros, sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações minoritárias, um pelos acionistas de ações preferenciais e um pelos empregados.





  • 11. Agora, veja 20 empresas que dominam o país

    11 /11(AGÊNCIA BRASIL)

  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCorrupçãoEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEscândalosEstatais brasileirasFolha de S.PauloFraudesGás e combustíveisIndústria do petróleoJornaisPetrobrasPetróleoPolícia FederalPolítica

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