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Foi um "shake hands", diz Odebrecht sobre R$ 10 milhões a Temer

O empresário falou sobre o jantar no Palácio do Jaburu com o então vice-presidente em 2014, no qual acertaram o repasse do valor para o PMDB

Michel Temer: o presidente não será investigado no momento por ter imunidade temporária, logo, não pode ser investigados por fatos anteriores ao seu mandato (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Reuters

Publicado em 12 de abril de 2017 às 19h56.

Última atualização em 12 de abril de 2017 às 19h58.

Brasília - Em depoimento no acordo de delação premiada no âmbito da operação Lava Jato , o empresário Marcelo Odebrecht classificou como um "shake hands" o jantar no Palácio do Jaburu com o então vice-presidente Michel Temer no dia 28 de maio de 2014 no qual acertaram uma contribuição no valor de 10 milhões de reais da empreiteira para o PMDB.

"Você vai para aquela conversa com Temer e comigo já está acertado tudo, foi um 'shake hands', uma forma de formalização assim, um agradecimento", afirmou Marcelo Odebrecht.

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A declaração de Marcelo faz parte da íntegra dos vídeos dos depoimentos prestados pelos executivos da Odebrecht e divulgados nesta quarta-feira pelo gabinete do ministro Edson Fachin, após a abertura de 76 inquéritos contra autoridades no Supremo Tribunal Federal. Apenas dois dos inquéritos tiveram seu sigilo mantido.

No depoimento feito aos procuradores, contudo, o então presidente da empreiteira disse que não conversou diretamente com Temer no jantar sobre o aporte financeiro para peemedebistas do grupo dele.

Segundo Marcelo, Temer "não falaria de dinheiro nem comigo, nem com a esposa, nem com ninguém".

Marcelo relatou que, antes do encontro, o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Mello, havia lhe relatado o pedido feito por Eliseu Padilha, hoje ministro da Casa Civil, de contribuição de campanha no valor de 10 milhões de reais para o grupo de Temer.

Os dois, entretanto, fecharam um acerto de que, de todo esse repasse, 6 milhões de reais seriam repassados para a campanha ao governo de São Paulo do peemedebista Paulo Skaf, de quem Marcelo disse ter uma relação "pessoal" e "empresarial forte" -Skaf é presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Ao final do jantar e sem a presença de Temer, segundo o relato de Marcelo, no momento entre o café e a sobremesa, ele, Cláudio Mello e Padilha falaram da "importância" do aporte a Paulo Skaf e selaram o acerto de 10 milhões de reais para o grupo de Temer, sendo 6 milhões de reais para a campanha do candidato do PMDB ao governo de São Paulo.

Ele não tratou dos detalhes desses repasses, se foi de forma oficial ou por meio de caixa dois, terceirizando isso a diretores.

Em seu depoimento, Cládio Mello também disse que houve a solicitação de apoio financeiro ao grupo de Temer por Padilha.

O ex-diretor definiu que o ministro atuava como uma espécie de "preposto" de Temer.

"Para mim, ficou claro que ele tinha uma relação de confiança com o atual presidente", disse Mello, embora tenha ressalvado que o ministro da Casa Civil nunca lhe disse diretamente que agia nas questões financeiras em nome do presidente.

Mello disse ter se aproximado de Padilha e do agora ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, a partir do ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima, com quem disse ter uma "amizade" de longa data.

Por esses relatos e outros detalhes, Padilha e Moreira viraram alvos de STF para apurar a ocorrência de crimes de lavagem de dinheiro e corrupção ativa.

O presidente Michel Temer não será investigado no momento por esse caso porque, de acordo com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o presidente tem imunidade temporária e não pode ser investigado por fatos anteriores ao mandato.

Padilha disse que só vai se manifestar "nos autos" da investigação, mesma linha de atuação de Moreira Franco. Temer não se pronunciou sobre o caso.

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