Paulo Nogueira avalia que essa intenção do FMI não traz benefício algum (Divulgação/IMF)
Da Redação
Publicado em 6 de abril de 2011 às 09h28.
Nova York - O diretor executivo para o Brasil e outros oito países latino-americanos e do Caribe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Júnior, criticou duramente ontem a tentativa do FMI de estabelecer regras ou um código de conduta para o uso de controle de capitais. Mas ele frisou que as declarações são pessoais e não devem ser atribuídas ao Fundo.
"A discussão do assunto é bem-vinda. O Brasil é um dos países que há algum tempo vêm pedindo que se faça essa discussão. Mas, lamentavelmente, ela tomou rumo errado", afirmou, em entrevista, por telefone, à Agência Estado em Nova York.
De acordo com Paulo Nogueira, esse tema foi durante muito tempo cercado de tabus e é pouco conhecido pelo Fundo. "O FMI não tem conhecimento acumulado. É um erro. É precipitação, no mínimo", disse. Ele afirmou que o estudo realizado por membros do Fundo resultou em um trabalho "imperfeito, cheio de distorções".
Ele observou que o FMI tirou suas conclusões com base numa amostra de sete países. "É uma amostra muito pequena para tirar conclusões", avaliou. O processo todo foi mal argumentado, disse.
Para o economista, essa precipitação pode fazer parte de um "processo de gerar resultados". "O que o Fundo deveria fazer e não está fazendo é se equipar para realmente entender o que está acontecendo. Tem de estudar o problema", disse. Para Paulo Nogueira, os mercados globais hoje se mostram mais sofisticados e seria preciso um estudo mais profundo "à luz dessa sofisticação".
Para o Brasil, Paulo Nogueira avalia que essa intenção do FMI não traz benefício algum. "É uma perda de tempo, não ajuda nada. É uma coisa feita de maneira apressada. E nem diria que atrapalha muito porque o Brasil vai fazer o que precisa fazer, na minha opinião, independentemente dessa questão. Mas é uma pena porque é um desperdício de tempo", disse.
Segundo o economista, como trata-se de um processo "mal argumentado", ele não deve beneficiar nem emergentes nem as economias avançadas. "É um passo para trás", afirmou.