Brasil

Filho de Mourão é promovido no Banco do Brasil e triplica salário

O novo posto equivale a uma cadeira de um executivo no banco com um salário de cerca de R$ 36 mil. Na prática, seu salário triplicou

Mourão: filho do vice-presidente trabalha no banco há 18 anos (Paulo Whitaker/Reuters)

Mourão: filho do vice-presidente trabalha no banco há 18 anos (Paulo Whitaker/Reuters)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 8 de janeiro de 2019 às 15h36.

Última atualização em 9 de janeiro de 2019 às 09h17.

São Paulo — Antonio Hamilton Rossell Mourão, filho do vice-presidente general Hamilton Mourão, foi promovido a assessor do presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, que assumiu o cargo nesta segunda-feira (7). A informação foi confirmada pela assessoria do BB.

O novo posto equivale a uma cadeira de um executivo no banco com um salário de cerca de R$ 36 mil. Na prática, seu salário triplicou.

A renda do posto anterior gira entre R$ 12 mil e R$ 14 mil, dependendo da carga horária de seis ou oito horas.

Seu salário agora será maior até mesmo do que o do seu pai, que como vice-presidente, o segundo maior cargo do Executivo, ganha R$ 27,8 mil.

Assessor da instituição financeira há 18 anos, nos últimos 11 ele fez parte da diretoria de Agronegócios. Antonio vai acompanhar o presidente nesta área. 

Ele é formado em Administração de Empresas e possui pós-graduações em Agronegócios e em Desenvolvimento Sustentável. 

De acordo com o estatuto do BB, o presidente tem direito a nomear três assessores. Pela tradição, ele se cerca de especialistas na área jurídica, de comunicação e do agronegócio.

Em nota enviada à reportagem, o Banco do Brasil informou que "o cargo é de livre provimento da Presidência do BB e a nomeação atende aos critérios previstos em normas internas e no estatuto do Banco"

Segundo o presidente do BB, Novaes, o funcionário possui excelente formação e capacidade técnica.

"Antônio é de minha absoluta confiança e foi escolhido para minha assessoria, e nela continuará, em função de sua competência. O que é de se estranhar é que não tenha, no passado, alcançado postos mais destacados no Banco", diz a nota.

Segundo o professor Carlos Ary Sundfeld, que dá aulas de Direito Público na Fundação Getúlio Vargas (FGV), a indicação não se enquadra nos casos em que a Justiça considera nepotismo.

Para isso, seria necessário que o funcionário tivesse sido nomeado pelo próprio parente para exercer cargo na mesma instituição pública.

O critério é uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de 2008, sobre o assunto. "O Banco do Brasil e a União federal não são a mesma pessoa jurídica, então, rigorosamente, pela súmula do Supremo, não há uma proibição", explica Sundfeld.

O assunto "Filho de Mourão" está na tarde desta terça-feira (08) entre os mais comentados do Twitter.

Grande parte dos usuários destaca o que veem como contradição com o discurso, do presidente Jair Bolsonaro e sua equipe, de defesa da meritocracia, pelo "fim da mamata" e contra o "aparelhamento" das estatais.

No final da tarde, o vice-presidente se manifestou por meio da sua conta oficial na rede social defendendo a indicação:

(Com Estadão Conteúdo)

Acompanhe tudo sobre:BB – Banco do BrasilGoverno BolsonaroHamilton Mourão

Mais de Brasil

Governadores do Sul e do Sudeste criticam PEC da Segurança Pública proposta por governo Lula

Leilão de concessão da Nova Raposo recebe quatro propostas

Reeleito em BH, Fuad Noman está internado após sentir fortes dores nas pernas

CNU divulga hoje notas de candidatos reintegrados ao concurso