Falta de redundância pode ter atrasado apuração no TSE, diz especialista
Falha não deve justificar um eventual retrocesso nas tecnologias de processamento de votos - mas sim um aumento na capacidade dos computadores
Fabiane Stefano
Publicado em 15 de novembro de 2020 às 22h34.
Última atualização em 16 de novembro de 2020 às 05h50.
A causa da lentidão inédita na apuração dos resultados das eleições 2020 pode ter sido uma falta de redundância nos supercomputadores do TSE, que acabou por comprometer a capacidade de processamento do sistema quando um dos computadores falhou. Redundância é quando existe um computador "reserva" para substituir um que eventualmente venha a falhar.
Em coletiva de imprensa na noite deste domingo (15), o Ministro Luís Roberto Barroso, do Tribunal Superior Eleitoral, explicou que uma falha de hardware, em um dos processador, acabou diminuiu a capacidade total do sistema. Neste ano, pela primeira vez, o órgão máximo da Justiça Eleitoral brasileira está centralizando a contagem dos votos - e não apenas a divulgação, como foi feito até a última eleição, em 2018.
"Considerando todos os ataques que aconteceram nos últimos tempos, o TSE decidiu fazer essa centralização para minimizar a possibilidade desse tipo de ocorrência", explica Marilda Silveira, advogada eleitoral e coordenadora da ONG Transparência Eleitoral Brasil. "A totalização também foi colocada dentro de uma conexão de computadores em nuvem que foi criada no TSE. O ministro [Luís Roberto Barroso, do TSE] disse que foi problema de hardware, e eles não deveriam ter redundância suficiente."
Para Silveira, a demora não justifica voltar ao sistema anterior, em que a contagem dos votos acontecia nos Tribunais Regionais Eleitorais e então reportada à Brasília. "Justifica, sim, aumentar o número de computadores para fazer esse cálculo - que demanda todo um conjunto de computadores que fica na sala cofre do TSE.", explicou a professora.